Líderes do PCC alvos da PF enviaram sacola de dinheiro a Ciro Nogueira, diz testemunha

Atualizado em 1 de setembro de 2025 às 20:38
senador Ciro Nogueira (PP-PI) com expressão brava levemente olhando para o lado
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) – Reprodução

O senador Ciro Nogueira (PP-PI) teria recebido uma “sacola de dinheiro” enviada por Mohamad Hussein Mourad, o “Primo”, e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”, apontados como líderes do PCC, segundo reportagem do ICL Notícias, publicada na noite deste domingo (31).

Os dois são citados no escândalo financeiro ligado à Faria Lima revelado após a Operação Carbono Oculto da Polícia Federal, deflagrada em 28 de agosto de 2025. Ciro foi ministro da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro (PL).

Uma testemunha afirmou em depoimento que a sacola se destinava ao senador. “Sim, ele falou que [a sacola com dinheiro] era para o Ciro Nogueira. Eles estavam indo encontrar o Ciro, em posse dessa sacola”, disse o depoente, de acordo com a reportagem assinada por Leandro Demori e Cesar Calejon.

A testemunha descreveu o objeto como “uma sacola de papelão” e “grampeada”, “de uma largura compatível com o tamanho de uma cédula”. Conforme o relato, o episódio teria ocorrido em agosto de 2024. O conteúdo foi apresentado às autoridades em depoimento.

Carros da Receita Federal enfileirados na rua
Registro da Operação Carbono Oculto – Divulgação

A propina estaria relacionada à defesa dos interesses dos suspeitos junto à ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e a projetos de lei que tramitam no Senado. A Operação Carbono Oculto investiga fraudes no setor de combustíveis e movimentações financeiras conectadas a integrantes do PCC.

Ciro Nogueira, presidente nacional do PP e cotado como possível vice na chapa de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para a eleição presidencial de 2026, respondeu por meio de ofício encaminhado ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. No documento, chamou o ICL de “site de pistoleiros”, disse sofrer perseguição política e informou que colocará seus sigilos à disposição da Justiça.

O senador também afirmou que disponibilizará os registros de entrada e saída do gabinete no Senado referentes ao período citado, com o objetivo de contestar a narrativa.

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Ofício de Ciro Nogueira encaminhado ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Polícia do Senado nega encontro de Ciro Nogueira com líderes do PCC

A Secretaria de Polícia do Senado Federal esclareceu, nesta segunda-feira (1º), que não há registros de visitas de Mohamed Hussein Mourad e Roberto Augusto Leme da Silva ao gabinete do senador Ciro Nogueira (PP-PI) durante o ano de 2024. Os dois são acusados de liderar um esquema de fraudes no setor de combustíveis e de envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

De acordo com o documento oficial, não foram encontrados registros de acessos vinculados aos nomes mencionados. “Em atenção ao solicitado, informamos que não foram encontrados registros de acesso vinculados aos referidos nomes com esse destino no ano de 2024”, afirma o relatório, respondendo a um pedido feito pelo senador, após a publicação de uma matéria no site ICL Notícias.

A matéria divulgada no domingo (31) pelo site afirmava que Mourad e da Silva teriam entregado uma sacola de dinheiro ao senador em seu gabinete, em agosto de 2024. A denúncia foi baseada em uma testemunha anônima. Ciro Nogueira refutou categoricamente as acusações e, em resposta, enviou um ofício ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, solicitando que a Polícia Federal realizasse investigações urgentes sobre as denúncias.

Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.