Brasileira escapa de estupro após acordar em quarto com estranho nu durante viagem

Atualizado em 1 de setembro de 2025 às 22:19
A brasileira deitada na cama. Foto: Reprodução

Uma brasileira de 30 anos relatou ter sofrido tentativa de estupro em Paris após o cancelamento de um voo da TAP para Lisboa. Segundo ela, a companhia aérea a hospedou em um quarto de hotel dividido com desconhecidos.

A passageira, que tem cidadania italiana e trabalha como consultora ambiental em Lisboa, contou ao Portugal Giro que o voo TP 439, previsto para 31 de maio às 21h05, foi cancelado. A TAP remarcou a viagem para 1º de junho, às 10h20, partindo do aeroporto de Orly.

De acordo com o relato, os passageiros chegaram a embarcar, mas foram orientados a deixar a aeronave e se dirigir ao balcão da TAP, onde receberam vouchers de hospedagem. “Fui informada por funcionária da TAP que não havia quartos individuais suficientes e que eu teria que dividir um quarto com outros passageiros”, disse.

Voucher para quarto triplo com nomes dos hóspedes. Foto: Reprodução

“Eu me recusei, exigindo um quarto só para mim, mas fui informada que essa não era uma opção: ou aceitava, ou pagava do próprio bolso, algo inviável para mim em Paris.”

Confirmação do hotel da hospedagem da brasileira paga pela TAP. Foto: Reprodução

A vítima contou que, durante a madrugada, foi surpreendida pelo homem tentando violentá-la. “Fui acordada com o homem nu em cima de mim, beijando meu pescoço, me segurando, tentando me estuprar”, afirmou. “Por sorte, consegui me defender, gritei e ele deixou o quarto”.

“Não tive resposta ao buscar ajuda da TAP. Mas recebi orientações para auxílio da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV). Busquei, então, apoio no Brasil, tanto psicológico quanto jurídico, e abri um processo de pequenas causas contra a companhia, por assédio moral e negligência”, afirmou a passageira.

Segundo a consultora ambiental, a TAP ofereceu inicialmente R$ 3 mil e depois R$ 5 mil em acordo, sem pedido de desculpas ou reconhecimento de falha. Ela move um processo no Juizado Especial Cível pedindo indenização de até R$ 50 mil por assédio moral e negligência da companhia.

A alemã que dividia o quarto confirmou o episódio em bilhete entregue à vítima. “Fui informada de que dividiria um quarto com mais duas pessoas desconhecidas, entre elas a brasileira. Não consegui dormir e decidi retornar ao aeroporto, deixando a brasileira com o desconhecido.”

Bilhete da hóspede alemã. Foto: Reprodução

“Estava visivelmente abalada emocionalmente”, escreveu, acrescentando que a situação foi imposta pela companhia aérea “sem qualquer possibilidade de recusa ou escolha individual, colocando passageiras em situação de vulnerabilidade e insegurança”.

Testemunho da alemã. Foto: Reprodução

“Quantas outras denúncias de mulheres em situações vulneráveis foram silenciadas por falta de apoio ou forças para prosseguir? Tive o Brasil ao meu lado. E as portuguesas?”, questionou.

“Infelizmente, ficamos muito decepcionadas ao perceber que, mesmo com o processo, a empresa não encaminhou pedido de desculpas ou mostrou preocupação. Aguardamos sentença. Em audiência, a TAP ofereceu R$ 5 mil. É inadmissível que só pudessem oferecer hospedagem naquele hotel e em quartos compartilhados. É um tratamento vexatório”, afirmou a advogada Nathália Magalhães, que representa a vítima.

 “Agora, com o comportamento deles no processo, ela se sentiu ainda pior e a intenção dela é que a história dela seja compartilhada para alertar outras passageiras”.