Malafaia nega ser “bolsominion” e diz não ter medo de ser preso por Moraes: “Perseguição”

Atualizado em 4 de setembro de 2025 às 21:24
O pastor Silas Malafaia gritando em microfone e gesticulando, de camiseta amarela pedindo Justiça
O pastor Silas Malafaia – Reprodução/AFP

O pastor Silas Malafaia, aliado de Jair Bolsonaro (PL), foi alvo de operação da Polícia Federal no mês passado, no inquérito que apura a organização de atos antidemocráticos. Teve passaporte, celular e cadernos de esboços bíblicos apreendidos. Segundo a investigação, ele financiou manifestações bolsonaristas, gravou dezenas de vídeos contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e manteve conversas privadas com Bolsonaro, inclusive com críticas a Eduardo Bolsonaro (PL).

Em entrevista concedida à Folha de S.Paulo na terça-feira (2), primeiro dia do julgamento de Bolsonaro no Supremo, Malafaia chamou de “covardes” os pastores que não se manifestam contra o Judiciário. Disse ainda que uma eventual prisão seria “pura perseguição política e religiosa”. O pastor disse que não teme ser encarcerado, negou ser “bolsominion”, mas afirmou que estará neste domingo (7) na avenida Paulista, em novo ato de apoio ao ex-presidente.

O líder religioso classificou os colegas evangélicos em três grupos: os que evitam política, os que seriam “omissos e covardes” por medo de retaliação e os que não teriam preparo para argumentar. Ele declarou que, desde que virou investigado, alguns líderes deixaram de falar com ele. “Se eu for preso vai ser a maior covardia”, afirmou.

Mensagens interceptadas pela PF mostram áudios trocados entre Malafaia e Bolsonaro após o anúncio de tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. O pastor negou relação com o tema, dizendo que não fala inglês nem tem contato com autoridades estrangeiras.

Silas Malafaia gritando e gesticulando e Jair Bolsonaro (PL) sério ao lado dele, ambos em pé
Silas Malafaia e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – Reprodução

Ele reconheceu que já bancou atos bolsonaristas com recursos da sua editora, a Central Gospel, como os R$ 35 mil pagos pelo trio elétrico usado por Bolsonaro no 7 de Setembro de 2022 em Copacabana.

Nos bastidores evangélicos, há pressão para que Malafaia dispute a Presidência, mas ele descarta a ideia. “Não sou candidato a nada”, disse, afirmando que só concorreria se tivesse um “sinal divino”. O pastor preferiu se definir como “uma voz profética” e não como um “Superman evangélico”.

Amigo de Bolsonaro há mais de 20 anos, Malafaia celebrou o casamento do ex-presidente com Michelle em 2013. Disse ter proximidade maior com Bolsonaro do que com seus filhos, mas admitiu chamar Eduardo de “babaca” em áudios vazados.

Diz que foi inclusive contra o autoexílio de Eduardo nos EUA. “Vou dizer uma coisa, tanto eu quanto Bolsonaro éramos contra. Só que Eduardo é maior de idade.”

“Sou aliado, não alienado nem bolsominion”, afirmou o evangélico.

Apesar das divergências internas sobre quem herda o bolsonarismo em 2026, Malafaia afirmou acreditar que a direita se unirá mais adiante.

Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.