Prefeitura de SP lacra Shopping 25 em meio a julgamento de Bolsonaro e pressão por anistia

Atualizado em 5 de setembro de 2025 às 14:39
Shopping 25 Brás. Foto: Reprodução

A Prefeitura de São Paulo interditou e lacrou nesta sexta (5) o Shopping 25 Brás, no centro da capital. Segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), a medida foi tomada porque o empreendimento possui autorização para funcionar apenas com um mezanino além do térreo, mas equipes da subprefeitura da Mooca constataram a construção de dois pavimentos adicionais sem aprovação.

De acordo com a prefeitura, todas as medidas administrativas já haviam sido tomadas, incluindo a aplicação de R$ 4,8 milhões em multas. “A obra seguiu em andamento mesmo após o embargo, motivo pelo qual o imóvel está sendo lacrado”, disse a gestão em nota.

Durante o processo administrativo, houve recurso por parte dos responsáveis, mas isso não autorizava a continuidade das obras. A prefeitura informou ainda que só seria possível suspender o embargo mediante protocolo de regularização e comprovação de conformidade do projeto.

O caso será encaminhado à polícia para abertura de inquérito por desobediência. O imóvel pertence ao empresário sino-brasileiro Law Kin Chong, conhecido por alugar imóveis comerciais na região da 25 de Março e já apontado como um dos maiores contrabandistas do país.

Shopping 25, no Brás, é interditado pela Prefeitura de São Paulo. Foto: Reprodução

Ele foi investigado em uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da pirataria na Câmara Municipal de São Paulo. A administração do shopping, contudo, é feita pela empresa Maxim Administração e Participações Ltda., que não pertence a Chong.

O centro comercial já havia sido atingido por um incêndio de grandes proporções em outubro do ano passado, que destruiu cerca de 200 lojas e derrubou parte do teto em uma área de 18 mil metros quadrados. Três pessoas foram socorridas após inalarem fumaça tóxica, incluindo uma funcionária encontrada desacordada na calçada.

O capitão Maykon Cristo, que comandou a operação naquele incêndio, explicou que o AVCB deve ser renovado periodicamente e que, sem ele, o funcionamento só é permitido em fase de regularização e com bombeiro civil em horário comercial. O Ministério Público abriu inquérito para investigar causas e responsabilidades do incêndio, que segue em apuração.

Pressão?

Coincidência ou não, a decisão do prefeito Ricardo Nunes ocorre no mesmo período em que o Supremo Tribunal Federal julga o ex-presidente Jair Bolsonaro e em que o governador Tarcísio de Freitas pressiona deputados para aprovar a anistia. O movimento amplia a leitura política da interdição, já que Nunes é aliado do ex-presidente e mantém alinhamento em temas sensíveis para o PL. O timing sugere que medidas administrativas de grande impacto em regiões de comércio popular podem estar sendo usadas como recado político.

A Rua 25 de Março foi alvo recente de críticas de Donald Trump, que a citou como exemplo de centro de pirataria e contrabando. Nesse contexto, a interdição do Shopping 25 Brás pode ser interpretada como sinal velado de que comerciantes e empresários locais precisam se alinhar ao projeto da anistia, sob pena de enfrentar novas investidas do poder público. A região é marcada por práticas informais e irregularidades diversas, o que a torna vulnerável a operações de fiscalização que podem, de acordo com o cenário político,