
Gilberto Gil, durante o lançamento de seu livro “Tempo Rei”, em Porto Alegre (RS), se manifestou sobre o julgamento histórico no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a trama golpista, que mira o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados. Para o compositor, a condenação dos responsáveis é um sinal de amadurecimento da sociedade brasileira e das instituições democráticas.
“Isso é diferente do que aconteceu após a ditadura militar, em que esses processos não foram instalados. Denota um grau mais claro de amadurecimento da sociedade brasileira, especialmente das instituições incumbidas de zelar pelo exercício do poder civil, democrático”, afirmou.
Gil, que foi preso pela repressão do regime militar e viveu em exílio por dois anos em Londres, acredita que o julgamento de agora representa um passo importante para o fortalecimento das instituições brasileiras.
Ele destacou que o país está mais maduro e que o tribunal tem agora a responsabilidade de determinar os culpados e inocentes.

Em sua turnê de despedida, Gil também reflete sobre o tempo e as memórias. Embora tenha descartado a ideia de escrever uma autobiografia tradicional, ele falou sobre seu interesse em produzir ensaios sobre arte, música e ciências humanas.
A convivência com membros da Academia Brasileira de Letras (ABL) tem influenciado essa reflexão, e ele afirmou que, após o fim da turnê, poderia dedicar mais tempo a esse projeto de escrita. “Talvez encerrando esse ciclo de apresentações de shows, essa atividade mais intensa, talvez aí eu tenha uma vontade mais focada de escrever alguma coisa”, prosseguiu.
A turnê atual, que é também uma celebração de sua carreira, vem acompanhada de seu livro, que documenta as apresentações e seus sentimentos sobre os shows. A obra inclui reflexões sobre suas músicas, como “Drão”, que cantou ao lado de sua filha Preta, e “Cálice”, que trouxe à tona o passado da ditadura.