VÍDEO – Trump envia secretário de Guerra para navio próximo à Venezuela: “Não é treinamento”

Atualizado em 8 de setembro de 2025 às 20:48
Pete Hegseth, secretário de Guerra dos EUA, no USS Iwo Jima em 8 de setembro de 2025. Foto: reprodução

O secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, realizou nesta segunda-feira (8) uma visita surpresa a um navio militar deslocado para o sul do Caribe, em uma área próxima à costa da Venezuela. Embora o governo dos Estados Unidos não tenha revelado a localização exata da embarcação, a visita ocorre em um contexto de crescente tensão na região e de operações militares intensificadas, como parte de um esforço do governo estadunidense contra o narcoterrorismo.

A visita de Hegseth acontece poucos dias após um ataque aéreo dos Estados Unidos contra um barco carregado com drogas que navegava pelo Caribe. O presidente Donald Trump afirmou que a embarcação partiu da Venezuela com destino aos EUA e que, durante o ataque, 11 pessoas perderam a vida.

Essa operação é parte de um esforço mais amplo de combate ao narcotráfico, que tem envolvido o envio de navios da Marinha dos EUA para a região, incluindo um total de oito embarcações deslocadas para áreas próximas à Venezuela — sete no Caribe e uma no Oceano Pacífico.

O Departamento de Guerra dos Estados Unidos anunciou em uma publicação no X que Hegseth visitou o USS Iwo Jima, um dos navios enviados para a região.

Em um vídeo divulgado pela instituição, o secretário de Guerra aparece discursando para militares a bordo, afirmando que as operações em andamento não são apenas treinamento, mas sim “um exercício real em nome dos interesses nacionais vitais dos Estados Unidos da América”.

Navio anfíbio USS Iwo Jima navegando no mar do Caribe em 28 de agosto de 2025. — Foto: Logan Goins/Marinha dos Estados Unidos

Ele também ressaltou a importância de combater o que chamou de “envenenamento do povo americano”, referindo-se ao tráfico de drogas proveniente da América Latina. Nenhum outro detalhe sobre a visita foi divulgado pelo Departamento de Guerra.

Antes de sua visita ao USS Iwo Jima, Hegseth esteve em Porto Rico, um território dos EUA que fica a cerca de 800 km da Venezuela. Durante essa visita, o governo dos EUA enviou dez caças F-35 como parte da operação militar na região. Porto Rico, embora parte dos Estados Unidos, não tem o status de estado, o que gera um grau de ambiguidade em termos de sua representação política no país.

A escalada da presença militar estadunidense ocorre em um contexto de intensificação das tensões com a Venezuela. Na sexta-feira (5), o presidente Donald Trump autorizou ações militares para derrubar caças venezuelanos que se aproximassem de forma “perigosa” de navios militares dos EUA.

O governo dos EUA confirmou que dois caças da Venezuela sobrevoaram um navio de guerra estadunidense no Caribe na semana anterior.

Trump, no entanto, ressaltou que não há discussões sobre uma mudança de regime na Venezuela. Em declarações recentes, o ex-presidente estadunidense afirmou que a reeleição de Nicolás Maduro foi “estranha” e acusou o governo venezuelano de enviar drogas e criminosos para os Estados Unidos.

Além disso, o governo estadunidense segue considerando Maduro como líder de um suposto “Cartel de los Soles”, classificando-o como uma organização terrorista. Como parte dessa ofensiva, os EUA oferecem uma recompensa de até US\$ 50 milhões por informações que levem à prisão de Maduro.

No final de agosto, a Casa Branca intensificou a operação no Caribe, enviando uma frota de oito navios, incluindo um esquadrão anfíbio, 4.500 militares e um submarino nuclear. Além disso, aviões espiões P-8 sobrevoaram a região.

A operação foi justificada pelo governo dos EUA como uma medida contra o narcoterrorismo, mas analistas, como o doutor em Ciência Política pelo IUPERJ Maurício Santoro, sugerem que a presença militar é desproporcional para uma simples ação contra o tráfico de drogas. Santoro avalia que, embora uma invasão terrestre possa ser inviável no momento, um bombardeio militar na região é uma possibilidade real.

A movimentação das forças estadunidenses no Caribe tem sido vista por analistas e autoridades venezuelanas como uma “ameaça”, e o governo de Nicolás Maduro tem mobilizado militares e milicianos para se defender de um possível ataque.

Santoro, que também colabora com o Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, afirma que o volume de recursos militares direcionados à região é uma indicação de que os EUA estão “falando sério”. “Não é simplesmente um blefe. Há preparação para algum tipo de intervenção militar”, disse o especialista.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.