Embaixada dos EUA ameaça Moraes durante julgamento de Bolsonaro

Atualizado em 9 de setembro de 2025 às 14:11
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil ameaçou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o julgamento da trama golpista contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados nesta terça (9). Em nota, o órgão afirmou que tomará “medidas cabíveis” contra o magistrado.

A publicação foi feita no perfil oficial da embaixada no X e compartilha uma mensagem do subsecretário de Diplomacia Pública do Departamento de Estado, Darren Beattie, que atacou o magistrado e reclamou de “abusos de autoridade”.

“Dia 7 de setembro marcou o 203º Dia da Independência do Brasil. Foi um lembrete do nosso compromisso de apoiar o povo brasileiro que busca preservar os valores de liberdade e justiça. Para o ministro Alexandre de Moraes e os indivíduos cujos abusos de autoridade têm minado essas liberdades fundamentais – continuaremos a tomar as medidas cabíveis”, escreveu a embaixada.

Ameaça da Embaixada dos EUA a Alexandre de Moraes. Foto: Reprodução/X

O post foi publicado durante a manhã, enquanto Moraes iniciava a leitura de seu voto contra os réus da trama golpista. O magistrado afirmou que “não há dúvidas” de que Bolsonaro tentou um golpe e liderou uma “organização criminosa”.

Essa não é a primeira ameaça da embaixada americana a Moraes. No mês passado, o órgão disse que o magistrado é “tóxico” e prometeu aplicar sanções contra pessoas próximas a ele, chamado de “violador de direitos humanos”.

A relação historicamente harmoniosa entre a embaixada e a Corte entrou em crise nos últimos meses após a articulação golpista do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. Membros do Supremo dizem que também existe uma tensão nos bastidores.

A situação se agravou ainda mais com a aplicação da Lei Magnitsky em julho, que resultou em sanções financeiras contra Moraes. Esse movimento foi visto como um ponto de ruptura, e hoje o diálogo entre o STF e a representação americana é descrito como praticamente inexistente.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.