Fux pode dar voto decisivo para condenar Bolsonaro nesta quarta no STF

Atualizado em 10 de setembro de 2025 às 6:28
Ministro do Supremo Tribunal Fderal (STF) Luiz Fux – Foto: Rosinei Coutinho/STF

Alvo de ataques de Jair Bolsonaro no passado, o ministro Luiz Fux pode ser o voto decisivo no julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF). A expectativa em torno de sua posição cresce nesta quarta-feira (10), já que ele pode cravar a maioria para condenar o ex-presidente na Primeira Turma da Corte – Bolsonaro já soma dois votos contrários, e a definição de Fux é vista como determinante para o desfecho. Com informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

O magistrado foi alvo direto de ameaças quando presidiu o STF entre 2020 e 2022. Bolsonaro chegou a dizer em 7 de setembro de 2021 que caberia a Fux “enquadrar” Alexandre de Moraes, sob pena de o Supremo “sofrer aquilo que nós não queremos”. Declarações como essa foram citadas por Moraes e Flávio Dino como evidências da atuação de Bolsonaro na organização criminosa que planejou a ruptura institucional.

Nos bastidores, advogados e integrantes da Corte destacam que Fux não esqueceu os ataques. Em sessões recentes, ele reagiu a lembranças dessas ameaças e até relatou ter passado a noite anterior ao 7 de setembro de 2021 dentro do Supremo, temendo invasões. Apesar disso, também já sinalizou discordâncias com o relator em questões processuais, o que mantém as defesas de Bolsonaro com alguma esperança de que a condenação não seja unânime.

Em ocasiões anteriores, Fux foi o único a concordar com o argumento de que Bolsonaro deveria ser julgado pelo plenário, e não pelas turmas, já que não é mais presidente. Ele afirmou: “Para manter a minha coerência, não posso mudar minha opinião de uma semana para outra”. Essa posição alimenta a expectativa de que, ao menos em pontos técnicos, seu voto não será alinhado integralmente ao de Moraes.

O ex-presidente Jair Bolsonaro – Foto: Reprodução

Bolsonaro, inclusive, já chegou a apostar em um “ponto de inflexão” vindo de Fux, lembrando o pedido de vista do ministro em um caso menor, de uma ré que vandalizou a estátua “A Justiça”.

No entanto, interlocutores do magistrado asseguram que, desta vez, não haverá interrupção do julgamento, e que o processo seguirá até a definição da pena.