
O Brasil registrou em agosto a primeira deflação em um ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu 0,11%, puxado pela redução nos preços dos alimentos, que recuaram 0,46%, e das tarifas de energia elétrica, que tiveram baixa de 4,21%. Foi a maior queda mensal do índice desde setembro de 2022, quando houve recuo de 0,29%. Em agosto do ano passado, o indicador havia ficado em -0,02%.
Mesmo com o alívio, a inflação acumulada em 12 meses permanece em 5,13%, acima do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5% para este ano.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou em carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que a convergência para a meta de 3% só deve ocorrer no início de 2026. “O compromisso do Banco Central é com a meta de inflação de 3%”, escreveu. A projeção indica o índice oficial em 4,2% em março de 2025, em linha com as estimativas do mercado financeiro.
As contas de luz tiveram destaque no resultado. O recuo de 4,21% veio após três meses de altas consecutivas e foi impulsionado pela distribuição de R$ 936,8 milhões do chamado “Bônus de Itaipu”. O benefício reduziu em média R$ 11,59 das faturas de 97% dos consumidores residenciais e rurais com consumo inferior a 350 kWh em pelo menos um mês do ano anterior.

A inscrição “Bônus Itaipu” apareceu em todas as faturas emitidas em agosto. Ainda assim, a adoção da bandeira tarifária vermelha patamar 2 conteve uma queda maior, já que acrescentou R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
Os alimentos também ajudaram a reduzir a inflação, com queda de 0,46% em agosto, terceira retração seguida. No trimestre, a baixa acumulada chegou a 0,9%. A alimentação no domicílio teve recuo de 0,83%, com destaque para tomate (-13,39%), batata-inglesa (-8,59%), cebola (-8,69%), arroz (-2,61%) e café moído (-2,17%).
“De forma geral, tais produtos alimentícios registraram quedas em razão de maior oferta”, afirmou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, em entrevista ao Uol. Já a alimentação fora de casa desacelerou, mas manteve alta de 0,5%, influenciada por lanches (+0,83%) e refeições (+0,44%).
No grupo dos transportes, houve queda de 0,27%, impactada pelo recuo de 2,44% nas passagens aéreas, reflexo do fim das férias escolares. Os combustíveis também ficaram mais baratos, com baixa de 0,89%. A gasolina caiu 0,94% após aumento da mistura de etanol para 30%. O etanol recuou 0,82% e o gás veicular, 1,27%, enquanto o óleo diesel subiu 0,16%.
Entre os demais grupos de despesas, habitação caiu 0,9%, comunicação recuou 0,09% e artigos de residência tiveram baixa de 0,09%. Em contrapartida, houve aumentos em despesas pessoais (0,4%), saúde e cuidados pessoais (0,54%), vestuário (0,72%) e educação (0,75%).
O IPCA é calculado a partir da variação de preços de 377 produtos e serviços consumidos por famílias com renda entre um e 40 salários mínimos. O índice reflete a evolução em nove grandes grupos de despesas e tem como base coletas realizadas em 16 regiões metropolitanas e cidades do país.