Flávio Dino aciona PF após sofrer ameaças por voto contra Bolsonaro

Atualizado em 10 de setembro de 2025 às 18:24
Os ministros do STF Luiz Fux e Flávio Dino durante o julgamento da trama golpista. Foto: Gustavo Moreno/STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino pediu nesta quarta-feira (10) à Polícia Federal que investigue ameaças recebidas pela internet. Segundo seu gabinete, as intimidações aumentaram após seu voto pela condenação dos oito réus da trama golpista, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com nota oficial, milhares de postagens circularam nas redes sociais incitando ataques contra ministros e familiares, além de sugerirem a destruição da sede do STF. A representação entregue busca garantir que os responsáveis sejam identificados e responsabilizados pela PF.

Na terça-feira (9), Dino votou pela condenação de Bolsonaro, do ex-ministro Braga Netto e de outros seis acusados. Em sua análise, o magistrado apontou os dois como líderes da ofensiva contra a democracia e afirmou que a Constituição veda a anistia a crimes dessa natureza.

O ministro também destacou participação considerada menor de Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e do deputado Alexandre Ramagem. A definição das penas ficará para uma fase posterior do julgamento, caso a condenação seja confirmada pela Primeira Turma.

Durante seu voto, Dino ainda rebateu declarações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que acusou o ministro Alexandre de Moraes de “tirania”. Dino afirmou que tais acusações não têm fundamento e reafirmou a importância da defesa da Constituição.

Antes dele, Moraes, relator do processo, já havia se posicionado pela condenação de todos os acusados com base na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O julgamento segue em andamento no STF.

A repercussão do caso ocorreu paralelamente aos protestos registrados no Nepal, que também ganharam atenção no tribunal. O país viveu dias de manifestações contra desigualdade social, corrupção e restrições impostas pelo governo ao uso das redes sociais.

Em Katmandu, prédios públicos, o Parlamento e até a Suprema Corte foram incendiados por manifestantes. A crise levou à renúncia do primeiro-ministro Khadga Prasad Oli, pressionado por protestos massivos da juventude conhecida como “Geração Z”.

Segundo dados locais, 22% dos jovens nepaleses estão desempregados, e um em cada cinco cidadãos vive abaixo da linha da pobreza. A instabilidade política e econômica tem marcado a democracia do país, instaurada em 2008 após a queda da monarquia.