
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), provocou seu colega Luiz Fux durante o julgamento da trama golpista. O diálogo ocorreu quando Fux defendeu a condenação do tenente-coronel Mauro Cid por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, mas votou pela absolvição de outros réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O episódio aconteceu na noite desta quarta-feira (10), quando Fux já lia seu voto há várias horas. Antes de uma pausa na sessão, Dino perguntou diretamente como o ministro havia se posicionado em relação a Mauro Cid. O magistrado respondeu que votou pela condenação do militar em um crime, ainda em análise.
O diálogo, registrado em plenário, incluiu trocas rápidas. Dino questionou se Fux havia absolvido os demais réus e recebeu como resposta que o voto não estava concluído. Pouco depois, a sessão foi suspensa e retomada em seguida.
🇧🇷 Dino: "Mauro Cid a Vossa Excelência já votou?"
Fux: "Já votei".
Dino: "Absolvendo ou condenando?"
Fux: "Condenando".
Dino: "Então vossa excelência condenou o Mauro Cid e absolveu os outros?" pic.twitter.com/1ATueXaWZc
— Eleições em Pauta (@eleicoesempauta) September 10, 2025
Na volta, Fux votou pela condenação de Walter Braga Netto, ex-ministro e militar, também por abolição do Estado Democrático de Direito. Com esse posicionamento, a Primeira Turma formou maioria pela condenação de Braga Netto e Mauro Cid.
Paralelamente, o ministro votou por absolver Jair Bolsonaro de todas as acusações apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O mesmo entendimento foi adotado em relação ao general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional.
A PGR havia denunciado os réus por cinco crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado. O julgamento segue com a manifestação dos demais ministros.