
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram, nos bastidores, que o voto de Luiz Fux pela absolvição de Jair Bolsonaro seria tratado com desprezo. A estratégia era evitar dar mais repercussão à divergência, considerada previsível, e impedir que a imprensa amplificasse a posição do ministro, mas o plano mudou.
Segundo a coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, magistrados decidiram dar uma resposta após a “virulência” do voto de Fux. Ele pediu para que ninguém o interrompesse durante a fala e os colegas respeitaram, mas avaliam que isso fortaleceu a narrativa de que sua argumentação não teve contraponto.
O problema, segundo ministros ouvidos, foi o tom do voto. Fux não apenas divergiu, mas atacou duramente os posicionamentos de Alexandre de Moraes e Flávio Dino. O resultado foi visto como mais grave do que se imaginava.
Diante do tom duro usado por Fux e da recepção positiva entre bolsonaristas, parte da Corte considera responder publicamente para evitar a impressão de que o ministro “venceu” o debate dentro do tribunal.

Entre as afirmações, Fux disse que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro era uma “mera narrativa”, que os réus não tiveram direito pleno de defesa e que não existiam provas contra o ex-presidente. Ele também declarou que o STF corria risco de se tornar um tribunal de exceção e defendeu a anulação total do processo.
Do conjunto de réus, o ministro votou pela condenação apenas do tenente-coronel Mauro Cid e do general Walter Braga Netto. Todos os outros, incluindo Bolsonaro, deveriam ser absolvidos, em sua avaliação. A posição contrastou fortemente com os votos de Moraes e Dino.
A repercussão foi imediata entre apoiadores de Bolsonaro. O apresentador Paulo Figueiredo, radicado nos EUA e aliado da família do ex-presidente, elogiou o voto e afirmou que Fux “honra a toga”. Ele destacou que o ministro não será alvo da Lei Magnitsky, que já levou à sanção de Alexandre de Moraes pelo governo americano.