
O voto da ministra Cármen Lúcia, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), começou com uma breve provocação a Luiz Fux, que falou por aproximadamente 14 horas na última quarta-feira (10) para absolver o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela trama golpista. No dia anterior, ele pediu aos colegas que não o interrompessem, afirmando que não daria “apartes” aos demais magistrados. Flávio Dino, no entanto, pediu uma licença para interromper Cármen em poucos minutos.
“Desde que rápido”, brincou a ministra, em referência ao longo voto de Fux. “Mas eu concedo, como sempre, pois está no regimento do Supremo e o debate faz parte dos julgamentos. Tenho o maior gosto de ouvir, eu sou da prosa”, concluiu.
Dino agradeceu a gentileza de Cármen e explicou porque o voto dele foi “curto” em comparação aos demais: “Eu tenho uma técnica de banco de horas, pois faço o voto curto para fazer muitos apartes”.
Na sequência, a decana ainda acalmou o público que teme novas longas horas diante do julgamento: “Eu escrevi 396 páginas, presidente. Mas eu não vou ler, vou ler um resumo”, disse arrancando risos no tribunal.
Provocação a Fux?
Ele não deu “à partes” para ninguém e falou por 14 horas. pic.twitter.com/2icEfYBuDY
— Abel Ferreira Comunista! (@AugustodeS62143) September 11, 2025
Até o momento, votaram os ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino e Luiz Fux. O placar é de 2 a 1 contra Bolsonaro e já há maioria para condenar o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, e o general Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice.
Moraes votou a favor da condenação de todos os réus por todos os crimes citados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e foi seguido por Dino. Fux votou contra condenar Bolsonaro, mas defendeu que Braga Netto e Cid sejam punidos por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.
Depois do posicionamento da magistrada, será apresentado o último voto, o do ministro Cristiano Zanin. A ordem segue a antiguidade no STF e o presidente da Primeira Turma será o último a se manifestar sobre o caso.
Acompanhe o julgamento ao vivo:
A Corte julga os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Além de Bolsonaro, são réus do “núcleo central” da trama golpista:
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.