
A ministra Cármen Lúcia iniciou nesta quinta (11) seu voto no julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou que “não se tem imunidade absoluta contra o vírus do autoritarismo”. A magistrada é a quarta a votar no processo.
“Por mais que se cuide de produzir vacinas constitucionais e legais pra se imunizar a sociedade de aventuras ditatoriais, em nenhum lugar do mundo se tem imunidade absoluta contra o vírus do autoritarismo, que se insinua insidioso, destilando o seu veneno, a contaminar a liberdade e direitos humanos”, disse a magistrada.
"Por mais que se cuide de produzir vacinas constitucionais e legais pra se imunizar a sociedade de aventuras ditatoriais, em nenhum lugar do mundo se tem imunidade absoluta contra o vírus do autoritarismo", diz a ministra Cármen Lúcia pic.twitter.com/4UECTSMqxq
— Fábio Felix 🏳️🌈 (@fabiofelixdf) September 11, 2025
A ministra afirmou que as provas reunidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) não foram negadas pelos réus no processo. Ela ainda argumentou que os atos de 8 de janeiro de 2023 não podem ser tratados como algo trivial. “O 8 de janeiro de 2023 não foi acontecimento banal depois de almoço de domingo, quando as pessoas saíram a passear”, frisou.
Ao analisar o núcleo da acusação, a ministra reforçou que a denúncia descreve uma tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado democrático de direito. Segundo ela, a essência desses fatos permaneceu intacta ao longo do julgamento, sem contestação concreta da defesa.
Mais antiga integrante da turma, a ministra já havia sinalizado em manifestações anteriores que entende ter havido tentativa de golpe no Brasil. Sua posição, portanto, tende a consolidar a maioria pela condenação de Bolsonaro e de outros réus.
Ela faz a leitura do seu voto após a divergência aberta pelo ministro Luiz Fux, que defendeu a absolvição de Jair Bolsonaro e pediu a anulação do processo. Até o momento, o placar está em 2 a 1 a favor da condenação do ex-presidente.
Alexandre de Moraes (relator) votou a favor da condenação de todos os réus por todos os crimes citados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e foi seguido por Flávio Dino. Fux votou contra condenar Bolsonaro, mas defendeu que Braga Netto e Cid sejam punidos por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.
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