Tarcísio chama condenação de Bolsonaro no STF de “sentença injusta”

Atualizado em 11 de setembro de 2025 às 22:16
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Foto: Divulgação

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro após a condenação no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-chefe do Executivo foi sentenciado a 27 anos e três meses de prisão, além de 124 dias-multa no valor de dois salários mínimos cada, por liderar a trama golpista e outros crimes relacionados aos ataques de 8 de janeiro de 2023.

Em declarações públicas, Tarcísio classificou a decisão como uma “sentença injusta” e disse que as penas aplicadas pelo Supremo foram “desproporcionais”. Para o governador, o resultado do julgamento “já era conhecido”. A fala reforça sua posição como um dos principais articuladores da proposta de anistia aos condenados, que ele tem defendido em reuniões recentes em Brasília.

Bolsonaro recebeu a maior pena entre os oito condenados, sendo citado pelo relator Alexandre de Moraes como “líder da organização criminosa”. Apesar disso, Moraes reduziu parte da dosimetria por causa da idade do ex-presidente, de 70 anos, e afirmou que não aplicaria o máximo das penas em todos os crimes.

Nas redes sociais, Tarcísio afirmou que “a história vai se encarregar de desmontar as narrativas, e a justiça ainda prevalecerá”. Ele também ressaltou: “Se não se pode transigir com a impunidade, também não se pode desprezar o princípio da presunção da inocência, condenando sem provas”.

O governador já havia endurecido o tom em manifestações anteriores. No ato de 7 de setembro na Avenida Paulista, Tarcísio atacou diretamente Alexandre de Moraes, chamando-o de “tirano”. “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes”, declarou, ao lado de apoiadores que gritavam “Fora, Moraes”.

As críticas foram respondidas pelo decano do STF, Gilmar Mendes, que escreveu em suas redes sociais: “É oportuno reiterar, no Dia da Independência, que a verdadeira liberdade não nasce de ataques às instituições, mas do seu fortalecimento. Não há, no Brasil, ‘ditadura da toga’, tampouco ministros agindo como tiranos”. Embora não tenha citado Tarcísio nominalmente, a mensagem foi interpretada como resposta direta.

No julgamento, a Primeira Turma do STF formou maioria de 4 a 1 pela condenação. Além de Moraes, votaram contra Bolsonaro os ministros Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino. Para Cármen Lúcia, a Procuradoria-Geral da República apresentou “prova cabal” de que os réus organizaram “plano progressivo e sistemático” contra a democracia.

Zanin também acompanhou integralmente Moraes e se posicionou contra o projeto de anistia defendido por Tarcísio. Para o ministro, a responsabilização de autoridades que atuaram pela ruptura institucional é “elemento fundamental para a pacificação nacional e a consolidação do Estado democrático de Direito”. A divergência partiu apenas de Luiz Fux, que votou pela absolvição.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.