Lula diz que investigações contra o PCC vão “alcançar o andar de cima”

Atualizado em 11 de setembro de 2025 às 23:10
O presidente Lula. Foto: Divulgação

O presidente Lula afirmou nesta quinta-feira (11) que a ofensiva contra o PCC (Primeiro Comando da Capital), que atingiu empresas do setor bancário e fintechs, ainda deve revelar desdobramentos não divulgados. Segundo ele, a operação expôs a presença do crime organizado em diferentes setores da sociedade e terá impacto inclusive no coração do mercado financeiro.

“Nós fizemos a mais importante operação contra o crime organizado da história desse país. E vai chegar na Faria Lima. Vai pegar algumas coisas que não apareceram, porque o nosso problema contra o crime organizado é saber que eles estão metidos em todas as esferas. Estão no futebol, na política, no Judiciário, nos bancos, nas empresas. Virou uma coisa multinacional”, declarou Lula em entrevista à TV Band.

O comentário veio após questionamento sobre o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma das principais bandeiras econômicas do governo. Lula rejeitou críticas de que a proposta poderia gerar desequilíbrio fiscal e direcionou críticas ao sistema financeiro.

“Esse país não tem débito fiscal, ou seja, o que acontece é que os banqueiros ficam todos nervosos quando a gente anuncia que vai dar um benefício para o pobre. Todo mundo acha: ‘para que dar para pobre? Dá para nós. Para que dar para pobre? Investe no sistema financeiro. A Faria Lima está precisando’. Por isso, eu vou dizer que nós fizemos a mais importante operação contra o crime organizado da história desse país”, reforçou.

As ações contra a infiltração do PCC ocorreram no dia 28 de agosto e envolveram três frentes distintas. A principal, chamada Carbono Oculto, foi realizada pelo Gaeco, do Ministério Público de São Paulo, em parceria com a Receita Federal. Paralelamente, a Polícia Federal conduziu as operações Quasar e Tank, ampliando o alcance da investigação.

Agentes da Policia Federal. Foto: Divulgação

Durante passagem por Manaus nesta semana, Lula já havia sinalizado a amplitude das investigações, ao afirmar que elas “finalmente alcançaram o andar de cima”. O presidente destacou que organizações criminosas se comportam como “verdadeiras multinacionais embrenhadas em diversos setores da sociedade” e lembrou que os mais pobres são os que sofrem de forma mais direta com a ação do crime organizado.

A força-tarefa mobilizou 1.400 agentes em todo o país. No caso da Carbono Oculto, os alvos principais foram empresas ligadas ao setor de combustíveis e instituições financeiras que serviam de fachada para movimentações ilegais do PCC. O objetivo foi desarticular a estrutura que permitia a lavagem de dinheiro e a infiltração em negócios da economia formal.

Já nas operações Quasar e Tank, a Polícia Federal atuou em dez estados: São Paulo, Bahia, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. Os agentes cumpriram mandados de busca, apreensão e prisão em diferentes frentes, ampliando a pressão sobre o esquema criminoso.

Para o governo, o avanço das investigações demonstra que o combate ao crime organizado deve ir além das áreas tradicionais, alcançando setores antes intocados, como bancos e grandes empresas. Lula reforçou que não recuará diante das pressões.

“As instituições democráticas deram uma resposta ao crime organizado, e nós vamos continuar enfrentando esse problema com todas as ferramentas do Estado”, disse o presidente.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.