Estadão, da “escolha muito difícil”, comemora condenação de Bolsonaro: “Justiça histórica”

Atualizado em 12 de setembro de 2025 às 7:30
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

Em editorial publicado nesta quinta-feira (11), o Estadão afirmou que a condenação de Jair Bolsonaro (PL) e de generais por tentativa de golpe representa um marco histórico para a democracia brasileira, rompendo com a tradição de impunidade militar e provando que ninguém, nem mesmo um ex-presidente, está acima da lei. “Justiça histórica contra o golpismo”, destacou o jornal.

O Estadão é famoso por seus editoriais canalhas, como o publicado antes das eleições presidenciais de 2018, intitulado “Uma escolha muito difícil” – que dizia, basicamente, que Fernando Haddad e Bolsonaro eram a mesma coisa. Confira o que diz agora:

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes correlatos, engrandece o Brasil. (…) A democracia brasileira passou com poucos arranhões por seu maior teste desde o fim da ditadura militar e soube lidar com uma ameaça real à sua existência.

Pela primeira vez, um ex-presidente da República é condenado à prisão por insuflar e liderar uma conspiração que pretendia impedir a posse de um presidente legitimamente eleito. Ao lado de Bolsonaro na desonra de ingressar no rol dos culpados, três generais de quatro estrelas e um almirante de esquadra foram igualmente condenados, rompendo-se, assim, a nefasta tradição de leniência com militares sediciosos que conspurca a história republicana.

Desde 1889, o País conviveu com reiteradas intervenções de fardados na vida política nacional, sempre sob o signo da impunidade. Nesse sentido, a decisão do STF de não condenar apenas o líder civil da trama golpista resgata uma condição indispensável para o desenvolvimento do Brasil: na democracia, não há lugar para tutela militar sobre os destinos do País. Tampouco há espaço para indulgência com traidores da Pátria, sejam paisanos ou fardados. (…)

Primeira Turma do STF durante o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus da trama golpista. Foto: Gustavo Moreno/STF

A condenação, porém, transcende a biografia do indigitado, um sujeito que nunca ofereceu algo de bom ao Brasil e a seus concidadãos como militar, como deputado e como presidente da República. (…) A  prisão de Bolsonaro por liderar uma tentativa de restauração do arbítrio no País é o triunfo, do ponto de vista coletivo, do ideal de Justiça. (…)

(…) Não se tratou de vingança, mas de justiça. Não se tratou de perseguição, mas de resguardo da Constituição. O Brasil mostrou que é capaz de punir, com o rigor da lei, aqueles que atentam contra a democracia. E que ninguém, nem mesmo um ex-presidente da República ou militares de alta patente, está acima da lei.