Ameaça de Trump sobre força militar por Bolsonaro é “bravata”, dizem membros do Exército

Atualizado em 12 de setembro de 2025 às 12:21
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

Na avaliação da cúpula militar brasileira, a ameaça feita por Donald Trump de recorrer à força militar contra o Brasil após a condenação de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) é considerada apenas uma “bravata”, conforme informações da coluna de Andreza Matais, do Metrópoles.

A percepção é que, embora o governo americano possa endurecer com sanções econômicas ou ampliar a lista de autoridades atingidas pela Lei Magnitsky, o uso de meios militares não passa de retórica, afirmou a jornalista Mônica Gugliano, especialista na área militar e de poder.

Na última quinta-feira (11), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que os Estados Unidos poderiam enviar “caças F-35 e navios de guerra ao Brasil” no futuro.

“Acho que nesse momento não. Mas se o regime brasileiro for consolidado e tiver uma evolução igual à da Venezuela, com eleições que não são nada transparentes, sem a ampla participação da oposição, regado a censura e prisões políticas, no Brasil pode perfeitamente no futuro ser necessária a vinda de caças F-35 e de navios de guerra, porque é o atual estágio da Venezuela”, disse o deputado.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavit, já havia declarado que Trump “não tem medo de usar meios militares para proteger a liberdade de expressão”.

O próprio Trump também comentou a decisão do STF, afirmando ter ficado “surpreso” com a condenação. “Eu assisti ao julgamento. Eu o conheço bem. Como líder estrangeiro, achei que ele foi um bom presidente. É muito surpreendente que isso tenha acontecido. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de jeito nenhum. Mas só posso dizer o seguinte: eu o conheci como presidente do Brasil. Ele era um homem bom, e não vejo isso acontecendo”, declarou ao deixar a Casa Branca.

Questionado sobre novas sanções contra autoridades brasileiras, o republicano evitou se comprometer, mas voltou a destacar as semelhanças com o processo que enfrentou nos Estados Unidos.

A condenação

A Primeira Turma do STF condenou Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, acusando-o de liderar a trama para permanecer no poder. Foi a primeira vez que um ex-presidente brasileiro recebeu punição desse tipo.

O ex-presidente também foi condenado por organização criminosa armada, abolição do Estado Democrático de Direito, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado. O regime inicial será fechado, com 24 anos e 9 meses de reclusão e o restante em detenção.

Assim como Bolsonaro, Trump também foi alvo de acusações em seu país. Em 2023, tornou-se réu por tentar subverter o resultado das eleições de 2020. Já reeleito presidente em 2024, obteve o arquivamento do processo em novembro, após o procurador especial Jack Smith reconhecer que presidentes em exercício não podem ser processados judicialmente.