
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmaram que estão recebendo as novas ameaças vindas do governo Donald Trump com “indiferença”. Segundo um deles, a percepção é de que a pressão norte-americana não terá qualquer impacto sobre o rumo das decisões da Corte.
“Aos poucos, a ficha deles vai caindo para perceber que essa chantagem não mudou, nem mudará, nada nas atitudes do tribunal”, disse um magistrado, sob reserva, à coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo.
A Corte condenou Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe nesta quinta (11). A pena será cumprida em regime fechado assim que os recursos da defesa forem julgados. Para os ministros, a hipótese de anistia não avançará no Congresso e um eventual indulto presidencial será revertido pelo próprio Supremo.
Os magistrados também discutiram medidas diante da possibilidade de sanções baseadas na Lei Magnitsky, usadas para bloquear financeiramente autoridades estrangeiras acusadas de violações. Eles já conversaram com banqueiros, autoridades econômicas e especialistas, e acreditam que poderão manter a rotina mesmo sob restrições.

Um gesto simbólico apontado como prova de unidade foi a presença de ministros que não integram a Primeira Turma, como Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, durante o julgamento de Bolsonaro. Eles acompanharam a sessão para demonstrar apoio aos colegas que participaram diretamente da análise da ação penal.
Após a condenação, o secretário de Estado Marco Rubio afirmou nas redes que “as perseguições políticas pelo violador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam” e prometeu que “os Estados Unidos responderão adequadamente a esta caça às bruxas”.
Trump disse ter ficado surpreso com o resultado, mas não confirmou se aplicará novas sanções contra ministros do STF. Em contrapartida, deputados democratas divulgaram uma carta criticando a postura do presidente americano e pedindo a suspensão de tarifas impostas ao Brasil, classificadas como “ilegais”.
No documento, os parlamentares Gregory Meeks, Joaquin Castro e Sydney Kamlager-Dove defenderam que os EUA devem apoiar a democracia brasileira. Para eles, a guerra comercial aberta por Trump em nome de Bolsonaro prejudicou também as famílias americanas e fortaleceu a relação comercial do Brasil com a China.