Com Bolsonaro condenado, dólar cai e atinge o menor valor em um ano

Atualizado em 12 de setembro de 2025 às 18:15
Notas de dólar. Foto: ilustração

O mercado financeiro brasileiro reagiu nesta sexta-feira (12) em meio a um cenário político turbulento e à expectativa sobre a política monetária dos Estados Unidos. O dólar comercial encerrou o dia em queda de 0,71%, vendido a R$ 5,354, no menor valor em mais de um ano. Já o Ibovespa recuou 0,61%, fechando aos 142.271 pontos, em um movimento de ajuste após ter batido recorde histórico na véspera.

A moeda estadunidense turismo, usada em viagens, também caiu 0,64%, cotada a R$ 5,564. Com isso, o dólar acumula queda de 1,09% na semana e já se desvalorizou quase 13% frente ao real em 2025. O recuo reflete, segundo analistas, a expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, previstos para a próxima semana.

A avaliação é que, mesmo com a inflação em alta de 0,4% em agosto, os sinais de desaceleração do mercado de trabalho reforçam a necessidade de afrouxamento monetário.

“A expectativa pela volta do afrouxamento da política monetária do Fomc, com analistas precificando 3 cortes dos juros estadunidenses em 2025, continua enfraquecendo o dólar, fortalecendo o ouro e sustentando bolsas próximas a patamares recordes”, afirmou Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, destacou que o Fed deve priorizar o mercado de trabalho: “Os dados divulgados mostraram que o mercado de trabalho está criando bem menos vagas. Isso faz com que o mercado veja uma justificativa para que o Banco Central reduza os juros um pouco para estimular o investimento das empresas”.

No Brasil, o pregão também foi marcado pela repercussão da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). Por quatro votos a um, a Primeira Turma condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes.

Além disso, o julgamento o torna inelegível até 2060. A decisão trouxe instabilidade política, fator que os investidores avaliam como risco adicional em um ambiente já sensível a questões fiscais.

No exterior, a tensão aumentou após declarações do governo estadunidense. O presidente Donald Trump afirmou estar “surpreso” com a condenação de Bolsonaro e comparou a situação ao processo judicial que enfrenta em seu país.

Jair Bolsonaro e Donald Trump. Foto: reprodução

O secretário de Estado, Marco Rubio, classificou a decisão do STF como “perseguição política” e prometeu que os Estados Unidos responderão “à altura”, sem detalhar quais medidas podem ser adotadas. O risco de sanções adicionais pesa sobre a percepção dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil.

No desempenho setorial, a Bolsa refletiu movimentos divergentes. As ações da Vale (VALE3) avançaram 0,12% após a empresa obter licença de operação para a mina do Projeto Serra Sul +20 Mtpa, no Pará. Em contrapartida, Petrobras recuou 0,91% (PETR3) e 0,54% (PETR4), mesmo com a alta do petróleo.

Bancos também puxaram o índice para baixo: Bradesco caiu 1,03% (BBDC3) e 0,88% (BBDC4), Itaú recuou 1,06% (ITUB3) e 1,24% (ITUB4), Santander perdeu 0,87% (SANB3) e 1,18% (SANB4) e o BTG (BPAC11) cedeu 0,67%. Apenas o Banco do Brasil destoou, com alta de 0,45% (BBAS3).

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.