Plano para salvar Bolsonaro não vai contar com Fux após 2028; saiba o motivo

Atualizado em 13 de setembro de 2025 às 11:50
O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Cristiano Mariz/O Globo

O voto do ministro Luiz Fux a favor da absolvição de Jair Bolsonaro no julgamento da trama golpista foi recebido como um alívio pelo bolsonarismo. No entanto, essa esperança tem prazo de validade. Fux será o primeiro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) a se aposentar compulsoriamente na próxima gestão presidencial, em abril de 2028, e seu substituto deverá ser indicado pelo futuro presidente da República.

A oposição trabalha com o cenário de eleger Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) para o Planalto em 2026. O governador já declarou que concederia indulto a Bolsonaro como sua primeira medida caso chegue à Presidência. Além disso, ele poderia nomear ministros ao STF mais alinhados com essa pauta. Ainda assim, os cálculos não consideram a saída de Fux, vista como um revés para os planos bolsonaristas.

Além de Fux, outras duas aposentadorias estão no horizonte: Cármen Lúcia em abril de 2029 e Gilmar Mendes em dezembro de 2030. Ou seja, até o fim da próxima década, três cadeiras do Supremo estarão em aberto, abrindo espaço para forte disputa política na definição dos novos nomes.

Nos bastidores, líderes do Centrão têm usado o voto de Fux como argumento para esvaziar as pretensões presidenciais de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A avaliação é que apenas Tarcísio teria condições de dialogar com o Judiciário para tentar medidas que beneficiem o ex-presidente condenado, enquanto qualquer candidato do clã Bolsonaro teria portas fechadas no STF.

Tarcísio de Freitas de roupa de frio azul, sério, segurando microfone
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo – Reprodução

O desgaste recente de Tarcísio com ministros da Corte, após falas em que classificou o Supremo como “tirano” e “ditador”, ainda preocupa, mas a leitura política é que sua imagem poderia ser recuperada em um cenário nacional. Já Eduardo Bolsonaro é considerado um nome inviável para recompor pontes com o Judiciário.

O cálculo da oposição, portanto, envolve não apenas a eleição de Tarcísio, mas também o poder de indicar até três ministros ao STF. Para os aliados, essa seria a única forma de sonhar com uma mudança de ventos que permita aliviar a situação de Bolsonaro, já condenado a 27 anos de prisão por crimes contra a democracia.