
Em editorial publicado neste sábado, 13, o jornal Le Monde, o maior da França, classificou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro como um “marco de maturidade democrática” para o Brasil.
O jornal destacou que a sentença de 27 anos e três meses de prisão, aplicada pelo Supremo Tribunal Federal, decorre da tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o Le Monde, a decisão é exemplar, independentemente das tentativas dos apoiadores de Bolsonaro de aprovar uma lei de anistia.
O jornal lembra que o princípio fundamental da democracia é que o exercício do poder depende do resultado das urnas, e não da destruição das instituições. Entre os condenados, seis militares — incluindo três generais — reforçam a seriedade e a abrangência da sentença.
O editorial também critica a reação americana. Marco Rubio, senador dos Estados Unidos, classificou a sentença como uma “caça às bruxas” e “perseguição política”.
O Le Monde ressalta que essa interferência ocorre em meio às tarifas punitivas impostas por Donald Trump sobre produtos brasileiros, numa tentativa de pressionar o Judiciário de Brasília. Para o jornal francês, a diferença entre a aplicação da lei no Brasil e a fragilidade das instituições nos Estados Unidos ficou evidenciada, especialmente diante dos eventos de 6 de janeiro de 2021 em Washington.
Ainda segundo o Le Monde, a vitória democrática brasileira não é completa. O juiz relator Alexandre de Moraes alertou que impunidade, inação e covardia não geram reconciliação. A polarização política extrema, inspirada em parte pelo contexto norte-americano, ainda contamina o país.
O julgamento, apesar de histórico, expôs fissuras profundas na sociedade brasileira e deixou o desafio da reconciliação política como próximo passo a ser enfrentado.