Putin vive isolado e paranoico: ex-segurança expõe estratégia das “salas gêmeas”

Atualizado em 13 de setembro de 2025 às 18:13
Vladimir Putin – Foto: Reprodução

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, mantém três escritórios secretos e idênticos em Moscou, São Petersburgo e Sochi como parte de um sofisticado esquema de segurança para despistar inimigos e até mesmo membros de sua própria equipe. A revelação foi feita por Gleb Karakulov, ex-oficial da unidade de segurança pessoal do Kremlin que desertou em 2022 e vive hoje no exterior.

Segundo Karakulov, os escritórios foram projetados para serem réplicas exatas: contam com mesas de madeira, porta-lápis com o brasão da águia de duas cabeças, três telefones brancos antigos e a bandeira da Rússia ao fundo. As salas não possuem janelas, o que torna impossível identificar a localização real do mandatário durante suas aparições públicas.

De acordo com o desertor, Putin chegou a aparecer em transmissões televisivas em um escritório de Novo-Ogaryovo, próximo a Moscou, enquanto na realidade estava em Sochi. A estratégia, além de confundir serviços de inteligência estrangeiros, teria como objetivo reduzir os riscos de atentados. Em algumas ocasiões, comboios oficiais eram enviados para locais onde o presidente nunca esteve, enquanto aviões da frota presidencial decolavam sem ele.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursa numa conferência de imprensa no final da sua visita à China em Pequim

A preocupação com a segurança teria levado Putin, em 2023, a demolir parte do palácio Bocharov Ruchey, em Sochi, após suspeitas de que poderia ser alvo de drones ucranianos. Relatos ainda indicam que, desde aquele ano, ele passou a usar colete à prova de balas em eventos públicos, atendendo a recomendações de sua equipe.

Karakulov, que atuou na proteção direta do presidente russo, afirmou que Putin vive cada vez mais isolado, dominado pela desconfiança e pelo medo de ser assassinado. “O que move Putin hoje é a paranoia”, declarou o ex-oficial em entrevista à Associated Press e ao Dossier Center, organização ligada à oposição russa.

As revelações reforçam a imagem de um líder recluso, que busca controlar não apenas a narrativa da guerra na Ucrânia, mas também a percepção sobre seus deslocamentos e aparições públicas. Para especialistas, a estratégia das “salas gêmeas” é um reflexo do clima de insegurança que domina o Kremlin em meio ao prolongado conflito contra a Ucrânia.