
Originalmente publicado em RFI
Mais de mil policiais foram mobilizados para acompanhar a manifestação, que ocorreu de forma pacífica.
Imagens aéreas transmitidas por emissoras de televisão mostraram um mar de bandeiras britânicas e inglesas inundando as ruas do centro da capital. Os manifestantes entoavam slogans anti-imigrantes e exigiam a saída do primeiro-ministro, o trabalhista Keir Starmer.
O centro da capital britânica, Londres, foi tomado neste sábado, 13 de setembro, por uma multidão sem precedentes. A marcha “Unite the Kingdom”, liderada por Tommy Robinson, reuniu mais de 1 milhão de pessoas, segundo estimativas da polícia – falam em até 3 milhões.
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— Karina Michelin (@karinamichelin) September 13, 2025
“Não sou racista, apenas vejo a mudança demográfica”, afirmou Ritchie, de 28 anos. Para ele, a chegada ilegal de migrantes ao Reino Unido é considerada uma “invasão”.
“Queremos nosso país de volta”, continuou o jovem, originário de Bristol e que preferiu não revelar o sobrenome. Acompanhado de três amigos — todos vestindo camisetas pretas com a bandeira britânica — ele considera Tommy Robinson “um herói”.

“Estou muito preocupado, realmente muito preocupado”, disse outro manifestante, Philip Dodge, padeiro aposentado da cidade de Sheffield, que participou do protesto ao lado da esposa, Maggie. “Pessoas estão sendo presas por ousarem falar sobre imigração ou questões de gênero. Nunca pensei que veria isso neste país”, disse.
Mary Williams, londrina de 30 anos, segurava uma foto do influenciador conservador americano Charlie Kirk, que foi morto a tiros na quarta-feira (10) nos Estados Unidos. A morte do extremista, segundo ela, foi “chocante” e a motivou a participar do protesto em Londres.
Centro de Londres agora de manhã: milhares acompanham o rally da liberdade de expressão, organizado por Tommy Robinson.
Tommy Robinson, claro definido como “extrema” direita pela mídia, é um cara controverso foi membro do partido BNP, hoje se define como um jornalista… pic.twitter.com/UWRFrFe0cp
— KASSANDRA MARIE (@kassandramarr) September 13, 2025
Tommy Robinson compartilhou diversos conteúdos sobre Charlie Kirk em suas redes sociais.
A figura midiática de maior destaque dos últimos acontecimentos sensíveis vivenciados no Reino Unido, Tommy Robinson costuma comentar os fatos do dia nas redes sociais.
Seu nome verdadeiro é Stephen Yaxley-Lennon. Ele é o cofundador da Liga de Defesa Inglesa (EDL), um antigo grupo marginal que afirma lutar contra a ameaça islâmica.
A manifestação acontece na sequência de muitos protestos anti-imigração ocorridos em frente a hotéis britânicos que abrigam requerentes de asilo, que o extremista divulgou amplamente em suas redes sociais.
Personalidades da extrema direita
Os organizadores da marcha londrina anunciaram a presença de várias figuras britânicas e estrangeiras da direita e da extrema direita. Entre elas, Steve Bannon, ex-assessor do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O presidente do partido francês de extrema direita Reconquista, Éric Zemmour, também confirmou presença.
A liberdade de expressão tem sido tema central de debates públicos no Reino Unido nos últimos meses, especialmente após a prisão de um criador de séries de televisão no Aeroporto de Heathrow, acusado de transmitir mensagens hostis direcionadas a pessoas transgênero.
Embora o debate sobre a liberdade de expressão seja frequentemente levantado por grupos de direita e extrema direita, ele também tem sido mencionado em relação às centenas de prisões de manifestantes que expressaram apoio ao grupo Ação Palestina, classificado como uma “organização terrorista” pelo governo britânico.
Ao mesmo tempo, uma contra manifestação, de menor porte, foi organizada pelo grupo antirracismo Stand Up To Racism UK. A marcha começou simultaneamente e reuniu londrinos como Diane Abbott, que participou do ato. “É muito importante se opor ao fascismo”, disse ela à rede Sky News. “Devemos nos solidarizar com os requerentes de asilo e mostrar que estamos unidos”, concluiu.