
Nos Estados Unidos, a carne bovina ameaça se tornar o novo símbolo da inflação, assim como os ovos no último inverno. Após o tarifaço de Donald Trump sobre o Brasil, maior exportador mundial do produto, os preços dispararam e já há temor de escassez. O mercado teme que os hambúrgueres se tornem o próximo problema de abastecimento para a Casa Branca. Com informações do Globo.
O presidente da Parker-Migliorini International (PMI Foods), Darin Parker, alertou que os aumentos podem levar a um cenário semelhante ao dos ovos. “Podemos ver uma escassez no mercado. Os preços da carne bovina poderiam se tornar o problema dos ovos da administração Biden, por causa dos aumentos de preços extremos que teriam que ocorrer”, afirmou.
Dados do Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA mostram que agosto teve a maior alta mensal em quase quatro anos, consolidando oito meses seguidos de aumento.
O movimento é resultado do menor rebanho de gado em décadas nos EUA e da queda de quase 9% no número de vacas processadas, além de restrições às importações do México por questões sanitárias.
Até julho, o impacto foi reduzido pelo aumento das compras brasileiras, que quase dobraram no ano, mas o tarifaço de 40% imposto por Trump em agosto paralisou os embarques.
Com as tarifas adicionais, a carne bovina brasileira passou a enfrentar um imposto total de 76,4% para entrar nos EUA. A consequência deve ser a valorização de outros fornecedores.

A Austrália, segundo maior exportador para os EUA, já ampliou em 22% suas vendas neste ano e tende a ser a principal beneficiada, com tarifas de apenas 10%. Uruguai e Argentina também ampliaram exportações, mas enfrentam tarifas de 36,4% quando ultrapassam a cota isenta.
A pressão sobre os preços deve se intensificar nos próximos meses, à medida que os estoques formados antes do tarifaço cheguem ao fim. A expectativa é de que o consumidor americano pague mais caro, enquanto países concorrentes ampliam espaço no mercado.