Filha de Eduardo Bueno é atacada por políticos bolsonaristas em “defesa” de Charlie Kirk

Atualizado em 14 de setembro de 2025 às 9:22
Eduardo Bueno e a filha Lízia

O escritor Eduardo Bueno, conhecido como Peninha, tem enfrentado uma campanha de cancelamento e linchamento virtual depois de comentários sobre a morte do influenciador de extrema-direita americano Charlie Kirk.

O vereador Ramiro Rosário e o deputado estadual Felipe Camozzato, ambos do Novo e do RS, estão na linha de frente do massacre.

Eles enviaram ofício ao consulado sustentando que, em 10 de setembro, mesmo dia do assassinato de Kirk, Peninha sugeriu, em tom jocoso, que sua filha, que mora em Austin, no Texas, poderia cometer um atentado próximo a uma das residências do bilionário Elon Musk. O documento associa essas falas a uma ameaça à segurança de cidadãos brasileiros e americanos, pedindo “providências”.

A onda de censura começou nos EUA e chegou ao Brasil, com seguidores de Bolsonaro pedindo a cabeça de pessoas e provocando a demissão de quem falou de Kirk. Estão copiando autoridades do governo Trump nas redes. O neurocirurgião Ricardo Barbosa teve o visto cancelado permanentemente após celebrar a morte de Kirk, segundo o subsecretário de Estado Christopher Landau escreveu no X.

O ofício cita episódios anteriores envolvendo Peninha, como relatos de agressões a manifestantes conservadores em Porto Alegre, incluindo arremesso de pedras e objetos contra veículos. Nem a retratação do historiador no Instagram saciou a sede de vingança dos parlamentares bolsonaristas.

O linchamento se intensificou nas redes sociais, com ataques direcionados não apenas ao escritor, mas também a sua filha, que passou a ser mencionada em postagens e ameaças online.

A PUC-RS cancelou a palestra de Peninha, intitulada “Brasil: Pecado Capital”, a livraria Travessa de Porto Alegre suspendeu o lançamento de seu livro e um ex-amigo rifou o escritor e acabou com um podcast que eles faziam juntos sobre história.

Davi Nogueira
Davi tem 25 anos, é editor e repórter do DCM, pesquisador do Datafolha e bacharel em sociologia pela FESPSP, além de guitarrista nas horas vagas.