
A pressão do Centrão no Congresso se intensifica para aprovar uma versão intermediária do projeto de anistia. A movimentação ocorre em resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão, e o objetivo do grupo é garantir a saída do ex-presidente do regime fechado.
O gesto do bloco de partidos de centro-direita também visa a uma articulação eleitoral. Em troca do apoio à anistia, o Centrão espera que Bolsonaro indique, até o final deste ano, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) como seu candidato substituto nas eleições de 2026.
Lideranças do Centrão avaliam que uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, defendida por aliados de Bolsonaro, não será possível. Para dirigentes do grupo, o texto de consenso deve assegurar apenas a libertação do ex-presidente, sem habilitá-lo formalmente para disputar a próxima eleição presidencial.
O grupo acredita que só após a aprovação da anistia Bolsonaro será pressionado a decidir sobre seu sucessor. A expectativa é que a escolha do nome ocorra entre dezembro deste ano e janeiro de 2026, servindo como ponto de partida para outras definições eleitorais, incluindo o partido pelo qual o candidato concorrerá e o apoio a disputas estaduais em São Paulo.

Segundo o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, Tarcísio indicou que se filiará ao partido caso seja candidato à presidência. Parlamentares próximos ao Centrão reforçam que a decisão do ex-presidente pode ocorrer apenas próximo ao prazo de desincompatibilização, em abril de 2026, para preservar seu capital político.
Caso Tarcísio troque de partido, o Republicanos precisaria de compensações. Uma alternativa seria a filiação do vice-governador Felício Ramuth, do PSD, ao Republicanos, assumindo o governo estadual se Tarcísio concorrer à Presidência. A movimentação ainda depende de acordos formais entre os partidos envolvidos.
A condenação de Bolsonaro pelo STF, relacionada a uma tentativa de golpe de Estado, altera o cenário eleitoral. A decisão, somada à Lei da Ficha Limpa, cria inelegibilidade de 35 anos — 27 da condenação mais 8 adicionais — tornando improvável sua candidatura em 2026. Mudanças na Lei da Ficha Limpa poderiam reduzir esse prazo, mas enquanto estiver com os direitos políticos suspensos, ele não pode concorrer.
Mesmo diante das articulações do Centrão e das negociações partidárias em São Paulo, a situação de Bolsonaro permanece complexa. Estratégias como registro tardio de candidatura ou ações no TSE não eliminam a inelegibilidade imposta pelo STF, consolidando um cenário que limita fortemente sua participação eleitoral futura.