
O ator espanhol Javier Bardem transformou sua passagem pelo tapete vermelho do Emmy 2025 em um ato político. Indicado a melhor ator coadjuvante de minissérie por “Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais”, da Netflix, ele ergueu a voz em defesa da Palestina. Usando um keffiyeh, lenço típico da cultura árabe, Bardem denunciou o que chamou de “genocídio em Gaza” e pediu sanções contra Israel.
Em entrevista à revista Variety, o ator explicou que sua posição está alinhada a um movimento que reúne cerca de 1.500 profissionais do cinema e da televisão. O grupo anunciou um boicote a instituições e empresas israelenses, acusadas de manter vínculos com a ofensiva militar em Gaza.
“Aqui estou hoje, denunciando o genocídio em Gaza”, disse Bardem. “A Associação Internacional de Estudos de Genocídio declarou que se trata de um genocídio. Por isso pedimos bloqueio comercial, diplomático e sanções.”
Bardem reforçou ainda que não pretende trabalhar em produções financiadas por entidades ligadas a Israel. “Não posso colaborar com alguém que justifica ou apoia o genocídio. É simples assim. Não deveríamos poder fazer isso, nesta indústria ou em qualquer outra”, afirmou.
#Emmys nominee Javier Bardem voices his support to end the genocide in Gaza and talks about the growing movement of Film Workers for Palestine. pic.twitter.com/baBVco4g5I
— The Hollywood Reporter (@THR) September 14, 2025
O protesto não foi isolado. Entre os signatários do boicote estão nomes de peso da indústria cinematográfica, como os diretores Yorgos Lanthimos, Ava DuVernay, Asif Kapadia e Adam McKay, além de atores como Olivia Colman, Riz Ahmed, Mark Ruffalo, Tilda Swinton, Emma Stone, Gael Garcia Bernal, Lily Gladstone, Melissa Barrera e Ayo Edebiri. A lista inclui também artistas emergentes que ganharam destaque em Hollywood nos últimos anos.
No mesmo tapete vermelho, outras celebridades aderiram a um gesto simbólico. Muitas usavam pins do movimento Artists4Ceasefire, criado para pedir um cessar-fogo imediato na guerra entre Israel e Hamas. O acessório, de metal e em formato de uma mão segurando um coração, foi visto em lapelas e vestidos de Hannah Einbinder, Ruth Negga, Chris Perfetti e Aimee Lou Wood.
Alguns artistas foram além. A comediante Meg Stalter, conhecida pela série “Hacks”, carregou uma bolsa com os dizeres “cessar-fogo!”. O gesto chamou a atenção da imprensa e reforçou a ideia de que a premiação, tradicionalmente dedicada apenas a celebrar produções televisivas, tornou-se também palco para reivindicações políticas.
A reação de Israel não demorou. Em comunicado enviado ao jornal britânico ‘The Guardian’, Nadav Ben Simon, presidente do sindicato de roteiristas do país, criticou duramente a campanha de boicote. Ele classificou a iniciativa como “profundamente preocupante e contraproducente” e alertou que isolar criadores israelenses em meio ao conflito pode enfraquecer vozes favoráveis ao diálogo dentro da própria indústria cultural do país.