
As informações que mais teremos de Bolsonaro a partir de agora serão os boletins médicos e as especulações sobre seu estado de saúde, publicadas a partir de recados de sua turma para jornalistas amigos das corporações de mídia.
É possível que, até a decisão de Alexandre de Moraes sobre o local em que ele deve ficar preso, tenhamos notícias quase diárias sobre a degradação física do chefe da organização criminosa.
Como começou a acontecer no domingo, com as informações divulgadas antes e depois de exames e cirurgias para a retirada de lesões de pele em hospital de Brasília.
As informações resumidas são estas: Bolsonaro tem anemia, hipertensão e resquícios de uma pneumonia (que talvez não tenha sido tratada) e tinha um sinal na pele que vai exigir biópsia.
Um cidadão comum pode ter todos esses problemas, mas não tem chance de identificá-los em um dia, com exames em sequência. Mesmo que desfrutasse desse privilégio, esse cidadão comum não teria, nessas condições, nada que pudesse ser considerado grave.
Mas, no caso de Bolsonaro, tudo passa a ser maior do que seria para o brasileiro médio. Porque ele é ex-presidente, ainda é líder do fascismo, mesmo condenado, e está perto de ser preso.
Sua condição de saúde pode livrá-lo da cadeia e deixá-lo em casa. Nesta segunda-feira, teremos mais notícias sobre a saúde dele. Na terça, alguém divulgará notícias exclusivas sobre o que ele sente e come. E assim a semana será preenchida.
Está pronto o roteiro que, até as vésperas da prisão, pode apresentar Bolsonaro como alguém que não pode ser preso. Alexandre de Moraes corre pelo menos três grandes riscos diante dessa situação.
O primeiro é o risco de não prendê-lo e, assim, transmitir aos brasileiros que, no fim, Bolsonaro foi poupado. O segundo é o de prendê-lo e provocar reações políticas violentas. E o terceiro risco é o de vê-lo enfrentar uma emergência médica na cadeia. Moraes já provou que não teme correr riscos, nem diante de ameaças.
A maioria dos brasileiros (50%), segundo o Datafolha, quer Bolsonaro preso, contra 43% que não aprovam sua prisão. O que talvez só parte do fascismo queira, para mais uma vez apostar no caos, é que Bolsonaro morra na cadeia.
É uma hipótese que não pode ser descartada, num país em que todas as anormalidades passam a fazer parte do que é normal e até razoável. Só o que falta é Bolsonaro morrer na cadeia.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou o hospital DF Star às 14 horas deste domingo (14/9) e retornou à sua residência, no Jardim Botânico, em Brasília (DF), para cumprir prisão domiciliar. O ex-mandatário foi submetido a um procedimento dermatológico para remoção de lesões… pic.twitter.com/KKkCTF2NXb
— Metrópoles (@Metropoles) September 14, 2025