
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), aliado de Jair Bolsonaro, voltou a gerar polêmica nas redes sociais após atacar o ator Wagner Moura. O parlamentar sugeriu que autoridades dos Estados Unidos investiguem o artista, que vive no país, por críticas ao trumpismo e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em mensagem direcionada ao secretário de Estado americano, Marco Rubio, Gayer chamou Moura de “extremista” e insinuou que sua presença deveria ser monitorada. A declaração ocorreu depois de entrevistas em que o ator destacou a dificuldade dos EUA em lidar com movimentos golpistas internos.
Em resposta, Gayer recorreu ao expediente de acusar opositores de ameaçar a democracia, justamente enquanto defende figuras associadas ao ataque às instituições brasileiras. Para analistas, a reação se insere em uma estratégia populista de mobilizar as bases mais radicais do bolsonarismo.
O episódio evidencia uma contradição: setores da extrema direita dizem defender a liberdade de expressão, mas pedem sanções contra um artista por exercer esse direito. O caso foi recebido como sinal da disposição desses grupos em usar qualquer recurso para silenciar vozes críticas, ainda que isso envolva acionar governos estrangeiros contra cidadãos brasileiros.
Esse cara está morando nos EUA e continua apoiando Moraes, atacando TRUMP e dizendo que os EUA agora é uma ditadura.
Acho que vale a pena dar uma olhadinha nesse EXTREMISTA @DeputySecState @SecRubio https://t.co/itjV40AevK— Gustavo Gayer (@GayerGus) September 14, 2025
Nos Estados Unidos, Donald Trump já havia dado declarações semelhantes durante sua campanha de 2024, ao prometer agir contra o que chamou de “inimigos internos”. A retórica foi interpretada como ameaça a opositores e ecoa agora em setores bolsonaristas, que buscam respaldo externo em meio ao isolamento político no Brasil.
Observadores lembram que a tentativa de recorrer a potências estrangeiras não é novidade na história. Governos e movimentos que apostaram nessa estratégia acabaram cedendo riquezas nacionais e autonomia política, em troca de apoio para se manter no poder.
Para críticos, esse movimento atual expõe a dependência de uma parte da extrema direita brasileira em relação a aliados externos.
No caso de Wagner Moura, a sugestão de deportação vai além de um ataque pessoal: representa, para muitos, um sinal do avanço de um discurso disposto a entregar compatriotas em troca de benefícios políticos. É o que especialistas chamam de “complexo de vira-lata institucionalizado”, quando a busca pelo poder se sobrepõe até mesmo à defesa de cidadãos brasileiros.