
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cancelou a viagem que faria nesta segunda (15) a Brasília. A expectativa era que ele articulasse apoio ao projeto de lei que prevê anistia aos envolvidos no ataque de 8 de janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Na agenda oficial de Tarcísio, constavam apenas reuniões internas no Palácio dos Bandeirantes. A assessoria do governador confirmou o cancelamento, mas não informou as razões da mudança. O gesto ocorre após semanas de articulação com lideranças políticas em defesa de Bolsonaro.
Na semana anterior, Tarcísio havia se reunido com presidentes de partidos do Centrão, como PL e Republicanos, além do presidente da Câmara, Hugo Motta. O objetivo era intensificar a pressão sobre o Congresso, especialmente o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que já declarou ser contrário à anistia.
Além da pauta da anistia, o governador pretendia buscar alternativas para evitar que Bolsonaro cumpra a pena em regime fechado. A estratégia incluiria tentativas de reaproximação com o STF, após declarações críticas de Tarcísio ao ministro Alexandre de Moraes em ato público.

O cenário ganhou mais tensão após o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmar em evento no interior paulista que houve de fato planejamento de golpe, embora tenha sustentado que a condenação de Bolsonaro não seria adequada por não ter sido executado. A fala, feita ao lado de Gilberto Kassab (PSD) e Tomé Abduch (Republicanos), repercutiu em meio às discussões sobre a anistia.
No início do mês, Tarcísio vinha procurando ministros da Corte para discutir sobre a anistia. A avaliação entre os magistrados é de que a proposta deve ser declarada institucional, mas o governador queria busca um caminho político para avançar com a medida.
As conversas esfriaram após Tarcísio atacar Alexandre de Moraes, relator do processo da trama golpista, durante o ato de 7 de Setembro na Avenida Paulista. O bolsonarista chegou a chamar o magistrado de “ditador” e “tirano”.