
O Ministério Público da Paraíba (MPPB) denunciou o influenciador digital Hytalo Santos e o marido dele, Israel Vicente, conhecido como Euro, pelos crimes de tráfico de pessoas, produção de material pornográfico e favorecimento da prostituição e exploração sexual de vulneráveis. O casal está preso no presídio do Roger, em João Pessoa, desde 28 de agosto, quando foi transferido de São Paulo para a capital paraibana.
De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que conduz as investigações, a denúncia se baseia em provas que apontam para um modus operandi estruturado e premeditado voltado à exploração sexual de crianças e adolescentes.
O grupo afirma que Hytalo e Euro usavam promessas de fama e vantagens materiais para atrair adolescentes em situação de vulnerabilidade, submetendo-os a rígido controle sobre rotinas e meios de comunicação. O Gaeco também relatou a realização de procedimentos estéticos e tatuagens de caráter sexualizado nas vítimas.
O Ministério Público solicitou ainda uma indenização de R$ 10 milhões por danos coletivos. Segundo o órgão, a prática envolvia três frentes principais: tráfico de pessoas, produção de material pornográfico e favorecimento da exploração sexual de vulneráveis. Em relação ao tráfico, a acusação é de que os dois agenciavam e aliciavam adolescentes e suas famílias para controlar sua liberdade e vida íntima.

Já na produção de material pornográfico, o casal é acusado de gerar e divulgar conteúdos de cunho sexual em redes sociais, com foco na monetização e no aumento do engajamento digital. Por fim, o favorecimento da prostituição consistiria no incentivo à prática de atos sexuais com terceiros, inclusive em situações de constrangimento.
O caso será julgado pela 2ª Vara Mista de Bayeux. Segundo o promotor Dennys Carneiro, do Gaeco, a investigação corre em segredo de Justiça, e por isso não é possível detalhar todas as provas apresentadas na denúncia. O processo havia começado a ser apurado pelas promotorias de Bayeux e João Pessoa, sob responsabilidade dos promotores Ana Maria França e João Arlindo, mas desde o fim de agosto foi transferido integralmente ao Gaeco, que passou a concentrar as provas e depoimentos.
A Polícia Civil da Paraíba também tem participação indireta no caso. O delegado Carlos Othon informou que a corporação não investiga diretamente o casal, mas presta apoio técnico ao Gaeco. Esse suporte inclui a extração de dados de oito aparelhos eletrônicos apreendidos e a logística da transferência de Hytalo e Euro de São Paulo para João Pessoa.
A prisão do casal completa um mês nesta segunda-feira (15). A defesa, representada pelo advogado Felipe Cassimiro, afirmou que “muitos pedidos” para a soltura já foram protocolados na Justiça e ainda aguardam análise.
Cassimiro declarou acreditar que a prisão “se encerre nos próximos dias”, sem detalhar os fundamentos jurídicos usados nos pedidos. Até a última atualização, não havia retorno oficial da Justiça sobre esses recursos.
Em nota, o Gaeco reforçou que a denúncia inclui elementos que mostram tentativas de alterar a aparência física das menores envolvidas nos conteúdos produzidos. A acusação aponta ainda que o casal utilizava fraudes e manipulação psicológica para manter controle sobre as vítimas, impondo uma rotina de exploração sexual como parte de um esquema mais amplo de atuação digital.