
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), enfrenta pressão de aliados de Jair Bolsonaro e de integrantes da família do ex-presidente para sustentar o tom agressivo adotado no último 7 de setembro contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Na Avenida Paulista, Tarcísio chamou Moraes de “tirano” e “ditador”, em sua fala mais dura desde que assumiu o governo. Com informações do Globo.
Segundo a avaliação de parlamentares e lideranças bolsonaristas, Tarcísio terá dificuldades em manter o apoio da base mais fiel ao ex-presidente caso recue desse posicionamento. Para eles, o governador precisa repetir o discurso e defender de forma explícita a aprovação da anistia ampla e irrestrita, que incluiria Bolsonaro e outros condenados por tentativa de golpe de Estado.
Apesar da pressão, Tarcísio cancelou a viagem que faria nesta semana a Brasília, onde trataria de articulações sobre a votação da anistia. Assessores afirmaram que ele preferiu permanecer em São Paulo, alegando já ter feito rodadas de conversas na capital federal há duas semanas e que continuaria as negociações à distância.

O foco do PL e dos aliados próximos de Bolsonaro é tentar aprovar a urgência para votação da anistia na Câmara ainda nesta semana, em reação à condenação do ex-presidente pelo STF. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), trabalha para viabilizar uma proposta que evite confrontos diretos com a Corte.
Nos bastidores, ministros do Supremo têm afirmado que qualquer tentativa de incluir Bolsonaro em um projeto de anistia será considerada inconstitucional e derrubada pelo tribunal. O próprio Alexandre de Moraes reforçou essa posição durante o julgamento que condenou o ex-presidente a 27 anos e 3 meses de prisão.
Aliados de Bolsonaro reconhecem que Tarcísio se tornou peça-chave nas articulações políticas do grupo. Sua atuação será decisiva para definir o rumo da votação no Congresso e, ao mesmo tempo, pode consolidar sua posição como herdeiro político dentro do bolsonarismo.