
A Casa Branca está utilizando o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk como justificativa para iniciar uma ofensiva contra grupos e organizações ligadas à esquerda nos Estados Unidos. Segundo o New York Times, altos funcionários do governo Trump afirmam que entidades liberais estariam financiando ou incentivando atos de violência política, embora não tenham apresentado provas.
A investigação sobre o crime ainda está em andamento em Utah, e o governador republicano Spencer Cox afirmou que o principal suspeito teria agido sozinho, inspirado por “ideologias de esquerda”.
Apesar disso, aliados de Donald Trump passaram a sustentar publicamente que haveria uma rede coordenada por trás do ataque, tese que sustenta o discurso de perseguição política contra opositores.
De acordo com fontes ouvidas pelo jornal, secretários de gabinetes e chefes de departamentos federais já trabalham para mapear entidades acusadas de apoiar violência contra “conservadores”. A meta é enquadrar essas organizações como terrorismo doméstico — medida que vai gerar criminalização generalizada da oposição política.
O anúncio da ofensiva ocorreu durante o programa “The Charlie Kirk Show”, apresentado temporariamente pelo vice-presidente JD Vance a partir da Casa Branca. O episódio, transmitido inclusive em televisores do Ala Oeste, contou com a presença de Stephen Miller, assessor próximo de Trump, que exaltou a memória de Kirk e defendeu uma resposta dura do governo federal.
“Com Deus por testemunha, vamos usar todos os recursos do Departamento de Justiça, do Departamento de Segurança Interna e de todo este governo para identificar, desmantelar e eliminar essa rede, devolvendo segurança ao povo americano”, declarou Miller. O discurso foi recebido como uma promessa de ampliar o alcance do poder federal sobre organizações críticas ao governo.
Trump, por sua vez, repetiu que a violência política no país é fruto da “esquerda radical”, relativizando episódios praticados por extremistas de direita como reações de cidadãos contrários ao crime. Para o presidente, a morte de Kirk comprova a existência de uma campanha organizada contra a direita, apesar de não haver conclusão oficial sobre a motivação do suspeito.
Integrantes do governo afirmaram que investigações incluirão ataques recentes contra veículos Tesla e agentes de imigração, buscando associar tais episódios a um mesmo fio condutor. esse esforço parece menos voltado a coibir crimes e mais a fortalecer uma narrativa de perseguição.
John Cohen, ex-funcionário de inteligência que trabalhou nos governos Bush, Obama e Biden, afirmou que o país enfrenta “uma epidemia de ataques direcionados e tiroteios em massa”.
Para ele, contudo, o governo Trump incorre em grave risco ao antecipar acusações sem aguardar o resultado da investigação sobre Kirk. “O papel das autoridades não é vigiar pensamentos, mas impedir atos de violência e crimes”, diz Cohen.
Em meio à comoção pela morte de Charlie Kirk, a Casa Branca tenta transformar a tragédia em instrumento político. A estratégia atende ao esforço de Trump de endurecer a retórica, consolidar apoio entre conservadores e enfraquecer organizações de oposição rotuladas como ameaça à segurança nacional.