“Bandidos sabem onde moro”: ex-delegado morto temia PCC e segurança da família

Atualizado em 15 de setembro de 2025 às 23:35
Ruy Ferraz Fontes. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, assassinado nesta segunda-feira (15) em Praia Grande, já havia relatado temores pela própria segurança e de sua família após anos de enfrentamento ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Em dezembro de 2023, após sofrer um assalto, ele declarou ao Estadão: “Eu combati esses caras durante tantos anos e agora os bandidos sabem onde moro”.

Na ocasião, Fontes e a esposa foram abordados ao sair de um restaurante no litoral paulista. Armados, criminosos levaram celulares, cartões, joias e uma moto do casal. Os suspeitos foram presos em flagrante e os bens recuperados. À época, o ex-delegado já exercia o cargo de secretário de Administração da prefeitura de Praia Grande.

Fontes havia passado por outras situações de violência antes de ser morto em emboscada. Em maio de 2022, foi alvo de uma dupla de assaltantes na zona sul da capital paulista, mas os criminosos desistiram da ação ao perceber que o veículo que ele dirigia era blindado.

Dois anos antes, em 2020, o ex-chefe da Polícia Civil sofreu uma emboscada no bairro do Ipiranga, quando reagiu a um assalto e baleou um dos suspeitos. Já em 2012, foi atacado por dois homens na Via Anchieta, no ABC paulista. Houve troca de tiros e uma investigadora que o acompanhava foi atingida no pescoço, permanecendo internada por 45 dias.

Durante sua trajetória, Ruy Ferraz Fontes esteve à frente de investigações decisivas contra o PCC. Como delegado do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), comandou operações que resultaram no indiciamento de Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, além de outros líderes da facção. Também responsabilizou a esposa de Marcola por lavagem de dinheiro.

Fontes foi delegado-geral da Polícia Civil entre 2019 e 2022, indicado pelo então governador João Doria (PSDB). Após deixar o cargo, assumiu a secretaria municipal em Praia Grande. Sua execução é investigada pela Polícia Civil, que apura se o crime foi motivado por vingança do PCC ou por sua atuação recente na prefeitura.