
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que a “resposta” americana à condenação de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) deve ser anunciada já na próxima semana, quando o presidente Lula (PT) estará em Nova York para a Assembleia Geral da ONU, conforme informações do Globo.
Rubio chamou os ministros do STF de “juízes ativistas” e, sem citar Alexandre de Moraes, disse que um magistrado tentou “impor reivindicações extraterritoriais contra cidadãos americanos”.
“Você tem esses juízes ativistas, um em particular que não apenas perseguiu Bolsonaro, mas também tentou impor reivindicações extraterritoriais até contra cidadãos americanos, ou contra alguém postando online de dentro dos Estados Unidos, e chegou a ameaçar ir ainda mais longe nesse sentido”, declarou, em entrevista replicada pelo Departamento de Estado.
“Então, haverá uma resposta dos EUA a isso, e teremos alguns anúncios na próxima semana ou algo assim sobre quais medidas adicionais pretendemos tomar.”
Após o julgamento, Rubio já havia prometido que os EUA reagiriam ao que chamou de “caça às bruxas”. Nos últimos meses, Washington impôs um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros e incluiu Alexandre de Moraes na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, que bloqueia ativos e restringe operações financeiras.
A lei, criada para punir violações de direitos humanos e corrupção, passou a ser usada por Trump como forma de pressionar o Judiciário brasileiro. Agora, Rubio indicou que novas medidas estão em avaliação.

Reação esperada
O governo brasileiro já esperava novos anúncios. A aposta é em sanções individuais contra autoridades, como ocorreu com Moraes. Sete ministros do STF tiveram os vistos suspensos, com exceção de Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Luiz Fux, que votou pela absolvição de Bolsonaro.
Há também preocupação com o impacto no agronegócio caso o país seja punido pela importação de fertilizantes da Rússia. Trump, no entanto, adotou um tom mais brando sobre a condenação, dizendo apenas que considerou o julgamento “terrível” e que gosta muito de Bolsonaro.
Lula reage
Para o governo Lula, o Brasil saiu fortalecido no cenário internacional após a condenação dos acusados de tentativa de golpe. O presidente afirmou que o país não cedeu à “chantagem tarifária” da Casa Branca, em referência usada em reunião do Brics.
Em artigo no The New York Times, Lula disse que o Brasil “continua aberto a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos”, mas ressaltou: “a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”. Ele afirmou ter orgulho da “decisão histórica” do STF, que, segundo ele, “salvaguarda nossas instituições e o Estado Democrático de Direito”.
Agenda em Nova York
A participação na Assembleia Geral da ONU é tratada como prioridade pelo Planalto. Lula só deixou de comparecer em 2010, quando enviou Celso Amorim devido à campanha de Dilma Rousseff. Neste ano, além do discurso de abertura, o presidente deve usar a viagem para avançar nas negociações da COP30, que será realizada em novembro de 2025 em Belém (PA).