Uma pesquisa da Quaest divulgada nesta terça-feira (16) revela que 41% dos brasileiros são contrários à anistia para envolvidos na tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022. O levantamento, encomendado pela Genial Investimentos, ouviu 2.004 pessoas entre 12 e 14 de setembro, com margem de erro de dois pontos percentuais.
A consulta mostra ainda que 36% defendem o perdão para todos os envolvidos, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Outros 10% apoiam anistia apenas aos manifestantes que participaram dos atos de 8 de janeiro, enquanto 13% não souberam ou não responderam.
Segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, os dados indicam que não há ambiente favorável na opinião pública para conceder anistia a Bolsonaro. “São 51% contrários ao perdão ao ex-presidente, somando os 41% que rejeitam qualquer anistia com os 10% que aceitam apenas para os manifestantes”, explicou. Nunes também observou que os resultados apontam para a retomada de uma polarização entre perfis regionais, religiosos e de renda.
Entre os que se identificam como lulistas, 58% são contrários ao perdão, 22% defendem anistia para todos e 8% aceitam apenas para envolvidos nos ataques de janeiro. Entre apoiadores da esquerda não lulista, a rejeição alcança 73%. Já os bolsonaristas registram 62% de apoio à anistia geral, 12% para os manifestantes e 19% contra qualquer tipo de perdão.
A rejeição à anistia é mais forte no Nordeste (44%) e no Sudeste (42%), enquanto Sul e Centro-Oeste/Norte lideram o apoio à anistia para todos, com 42% em cada região. Entre as mulheres, 40% rejeitam o perdão, contra 32% favoráveis à anistia ampla. No grupo dos homens, há empate técnico: 42% contrários e 40% a favor de anistiar todos.
O perfil educacional também mostra diferenças: 45% dos entrevistados com ensino superior completo são contrários à anistia, contra 41% entre quem cursou até o fundamental e 39% entre quem concluiu o ensino médio.
Entre os que defendem anistia ampla, o índice chega a 41% entre os mais escolarizados. No recorte de renda, 43% dos que ganham até dois salários mínimos rejeitam o perdão, enquanto 43% dos que têm renda acima de cinco salários defendem anistia geral.
No aspecto religioso, 43% dos católicos e 33% dos evangélicos se dizem contrários à anistia. Já entre os favoráveis ao perdão para todos, estão 40% dos evangélicos e 37% dos católicos. Os que defendem anistia restrita aos envolvidos no 8 de janeiro somam 11% entre evangélicos e 8% entre católicos.