
O PL oficializou nesta terça-feira (16) a escolha de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como novo líder da minoria na Câmara dos Deputados para evitar que ele perca o mandato por excesso de faltas. A decisão gerou forte reação de parlamentares, que classificaram a manobra como um “escárnio” e já prometem recorrer à Justiça.
Eduardo deixou o Brasil no início do ano para articular, nos Estados Unidos, sanções do governo Donald Trump contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e contra a economia brasileira. O objetivo era tentar impedir a condenação de seu pai, Jair Bolsonaro (PL), por liderar a trama golpista.
Mesmo vivendo no exterior, Eduardo passa a ocupar um cargo estratégico que permite continuar sem registrar presença no plenário da Câmara, já que líderes partidários estão dispensados de bater ponto. Dessa forma, poderá manter salário integral e evitar punições por faltas.
Tabata Amaral chama decisão de “escárnio”
A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) criticou duramente a nomeação do bolsonarista. O filho “03” de Jair Bolsonaro assume o posto que hoje pertence à deputada Caroline de Toni (PL-SC).
“Transformar Eduardo Bolsonaro em líder da minoria para que ele possa se safar da perda do mandato é o maior escárnio da nossa história. Um deputado que abandonou o mandato, abandonou o país e que conspira de fora contra os brasileiros não pode ser premiado com cargo de liderança”, declarou.
Transformar Eduardo Bolsonaro em líder da minoria pra que ele possa se safar da perda do mandato é o maior escárnio da nossa história.
Um deputado que abandonou o mandato, abandonou o país e que conspira de fora contra os brasileiros não pode ser premiado com cargo de liderança. pic.twitter.com/kT0VWK3TVX
— Tabata Amaral (@tabataamaralsp) September 16, 2025
Lindbergh promete reação na Câmara e na Justiça
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), anunciou que vai reagir à estratégia do PL. “Se concretizarem isso, vamos entrar com medidas no plenário e até na Justiça contra essa isenção de faltas dos líderes e da mesa. Isso é um absurdo”, disse Lindbergh.
Nas redes sociais, ele acrescentou que já tem um mandado de segurança pronto para ingressar na Justiça assim que a nomeação de Eduardo for publicada.
ABSURDO! Indicaram Eduardo Bolsonaro como líder da Minoria só pra evitar a cassação por faltas. Não vai colar. Vamos ingressar com mandado de segurança contra esse escândalo. EDUARDO CASSADO JÁ! pic.twitter.com/2W7JVhuLfP
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) September 16, 2025
Manobra usa brecha em resolução da Câmara
O PL se apoiou em uma resolução de 2015 da Câmara que garante aos líderes partidários a dispensa de registrar presença em plenário. A brecha foi usada para blindar Eduardo Bolsonaro de perder o mandato por excesso de faltas.
Segundo a Constituição, um parlamentar pode perder o cargo se deixar de comparecer a um terço ou mais das sessões de votação no ano.
O “Bananinha” não registrou presença ou voto em nenhuma sessão desde o fim de sua licença de 122 dias, em 20 de julho. Somente em 2025, já acumula 18 ausências não justificadas, o que equivale a mais da metade (56,25%) dos dias com sessões deliberativas em que deveria ter comparecido.