Ministro israelense chama Gaza de “mina de ouro imobiliária” e negocia divisão com EUA

Atualizado em 17 de setembro de 2025 às 18:43
Ministro das Finanças de Israel — Foto: Gil Cohen-Magen/AFP

O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, declarou nesta quarta-feira (17) que a Faixa de Gaza é uma potencial “mina de ouro” imobiliária. Em conferência em Tel Aviv, afirmou que já iniciou negociações com os Estados Unidos para dividir o território após a guerra.

Segundo o jornal Times of Israel, Smotrich destacou que “a demolição, primeira etapa da renovação, já foi feita” e que um plano de negócios está nas mãos do presidente americano Donald Trump.

As declarações ocorrem em meio a fortes críticas internacionais. A União Europeia anunciou proposta para restringir laços comerciais com Israel e aplicar sanções a ministros israelenses, incluindo Smotrich. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reiterou apoio à solução de dois Estados e pediu cessar-fogo imediato, ajuda humanitária e libertação dos reféns do Hamas.

No mesmo dia, Israel anunciou a abertura de uma rota temporária para a saída de civis da Cidade de Gaza, alvo da ofensiva terrestre iniciada na terça-feira (16). De acordo com a ONU, quase um milhão de pessoas viviam na região até agosto. A nova operação militar intensificou o deslocamento em massa, apesar de muitos palestinos afirmarem que não pretendem deixar o enclave por não verem local seguro.

A Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU declarou na terça-feira (16) que “um genocídio está acontecendo em Gaza”, mencionando o deslocamento forçado da população. Israel rejeitou o relatório, classificando-o como “tendencioso e mentiroso” e pedindo a dissolução imediata do grupo de investigadores.

Tenda atingida por ataque de Israel na Cidade de Gaza, em 17 de abril de 2025. Foto: Jehad Alshrafi/ AP

Smotrich já havia defendido a anexação de Gaza em ocasiões anteriores. Em julho, em evento intitulado “A Riviera de Gaza – da visão à realidade”, disse que o enclave se tornaria parte inseparável de Israel com apoio de Trump. Em maio, afirmou que o objetivo era deixar Gaza “totalmente destruída” e transferir os palestinos para outra área no sul.

O Washington Post publicou em agosto que Trump avalia colocar Gaza sob controle americano por dez anos. O plano incluiria pagar parte da população palestina para se mudar, em caráter permanente, e reconstruir a região como polo turístico apelidado de “Riviera do Oriente Médio”. A proposta foi rejeitada pelos palestinos e pela maior parte da comunidade internacional.