A aprovação da PEC da Blindagem, apelidada nas redes sociais como PEC da Bandidagem, movimentou não apenas o Congresso, mas também o debate público. Entre as reações mais repercutidas, esteve a da atriz e diretora Irene Ravache, que gravou um vídeo satirizando os privilégios conquistados pelos parlamentares. A proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados na última terça-feira (16) em uma manobra articulada pelo Centrão e pela extrema-direita.
No vídeo, Ravache adota o tom de um monólogo teatral para criticar o que considera uma distorção democrática. “Olá. Você sabia que eu sou melhor que você? Eu sou porque eu eu posso fazer coisas que você não pode. Eu posso cometer vilanias. Ah, fazer pequenos, médios, grandes, crimes. Você não pode”, iniciou a artista.
“Não pode porque você vai ser investigada, né? Mas eu posso. Eu sou bem superior a você, meu bem. Por quê? Porque eu sou atriz. Não, boba. Não. É porque eu sou deputada. Quem disse isso? Quem garante isso? O congresso, o nosso congresso, viu?”, emendou.
A publicação rapidamente viralizou, sendo compartilhada por milhares de internautas em diferentes plataformas. O uso da ironia deu força à crítica de Ravache, que expôs de forma direta a sensação de desigualdade entre os representantes eleitos e os cidadãos comuns. Muitos usuários destacaram a contundência do discurso, considerando-o um retrato fiel do que enxergam como um retrocesso institucional.
“Olá. Sabia que eu sou melhor que voce? Pq posso fazer coisas que vc não pode. Posso cometer vilanias, fazer pequenos,médios,grandes crimes. Voce não.Pq vc pode ser investigado. Sou melhor pq sou atriz?Não. Pq sou DEPUTADA.”
Simplesmente Irene Ravache.pic.twitter.com/AnWtMJpLUO
— Sérgio Santos (@ZAMENZA) September 17, 2025
PEC da Bandidagem
O foco da sátira é justamente a essência da PEC da Blindagem. O texto aprovado pela Câmara prevê que deputados e senadores só poderão ser investigados criminalmente com autorização das respectivas Casas legislativas. A
lém disso, estabelece que pedidos de prisão e abertura de processos contra parlamentares sejam analisados em votações secretas. Para críticos, essas medidas criam uma barreira à responsabilização de autoridades e reduzem a transparência.
A reação de Ravache não ocorreu isoladamente. A aprovação da PEC desencadeou uma onda de protestos virtuais, que envolveram movimentos sociais, juristas, acadêmicos e parlamentares da oposição.
Em comum, os manifestantes alertam para o risco de se institucionalizar uma blindagem política que enfraquece os mecanismos de fiscalização e controle. Para eles, o Legislativo estaria se colocando acima da lei, num movimento que contraria o princípio republicano da igualdade perante a Justiça.
A PEC da Blindagem ainda precisa passar pelo Senado Federal, onde deve ser votada em dois turnos antes de eventual promulgação. O debate promete ser intenso, já que a proposta dividiu não só parlamentares, mas também especialistas em direito constitucional.