
O humorista Jimmy Kimmel, um dos principais nomes da TV americana, foi retirado do ar depois de pressão direta do governo Trump. Órgãos regulatórios foram acionados para ameaçar emissoras e forçar sua suspensão, num movimento que marca a escalada mais grave contra a liberdade de expressão desde o início do mandato.
A crise começou após o monólogo de segunda-feira, em que Kimmel ironizou a tentativa de setores pró-Trump de explorar politicamente o assassinato de Charlie Kirk. A fala, baseada em informações ainda incertas à época, não configurava violação de regras jornalísticas.
Mesmo assim, na quarta-feira, o chefe da FCC (Federal Communications Commission – Comissão Federal de Comunicações), Brendan Carr, ameaçou cassar licenças de estações que continuassem transmitindo o programa.
Embora a lei proíba o órgão de praticar censura, Carr já vinha investigando denúncias de “viés anti-conservador” em redes como ABC e CBS. Sua ameaça ganhou peso porque a Nexstar, maior grupo de TVs locais do país, busca aprovar uma fusão bilionária que depende de aval da agência.
This is what got Jimmy Kimmel fired.
The Dear Leader was not pleased.
— Maine (@TheMaineWonk) September 18, 2025
Poucas horas depois, a empresa anunciou que não manteria Kimmel em sua grade, alegando “comentários ofensivos e insensíveis”. Sem acesso às quase 200 afiliadas da Nexstar, a ABC/Disney decidiu suspendê-lo por tempo indeterminado.
Trump já havia sinalizado que miraria Kimmel, assim como fez com Stephen Colbert meses atrás. A fala sobre Kirk funcionou como pretexto. O episódio evidencia como normas regulatórias supostamente neutras podem ser transformadas em instrumentos políticos, prática usada em regimes como o de Viktor Orbán, na Hungria.
Mais grave ainda foi a rapidez com que conglomerados de mídia cederam. Em vez de contestar a pressão estatal, optaram por preservar interesses comerciais, como a fusão da Nexstar, sacrificando a independência editorial. O episódio mostra como a intimidação governamental pode avançar quando os setores estratégicos preferem evitar conflito.
A extrema-direita é um câncer no mundo e precisa ser extirpado.