
Enquanto a maioria das mulheres se contenta com um marido que não seja violento e tenha todos os dentes na boca, Yasmin Volpato, esposa do jogador Lyanco, do Atlético Mineiro, faz um dramalhão digno de novela das nove dizendo o quanto é difícil ser mulher de jogador de futebol – forças ao ícone.
Ela foi criticada recentemente por Lorena Lopes, esposa de Galeno, que joga atualmente pelo Al-Ahli SFC. Apesar de branca e rica, Lorena mostrou sensatez e disse, em bom tom:
“Não, amiga, não é difícil. Me agonia muito quem faz drama de algo que não precisa. Não faça drama sobre um privilégio.”
No X, Lorena gravou um vídeo sobre o caso, embora sem citar nomes, e escancarou o que muita gente ainda não entendeu: reclamar de um privilégio é, no mínimo, ridículo.
Quais seriam, afinal, as dificuldades, amada?
Pilates às 15h enquanto o maridão treina? Comprar uma bolsa nova sempre que fica triste? Viver sabendo que seus filhos serão amparados financeiramente até o fim da vida?
Me poupe.
Esposa de Galeno, do Al Ahli, rebate vídeo da esposa de Lyanco, que relatou as dificuldades de ser ‘esposa de jogador’:
“Não, amiga. Não é difícil. Me agonia muito quem faz drama de algo que não precisa. Não faça drama sobre um privilégio.”
🎥 Reprodução pic.twitter.com/IF810Jx00C
— Planeta do Futebol 🌎 (@futebol_info) September 17, 2025
Mais do que ficar quietinha para não passar vergonha, Yasmin precisa olhar para outras mulheres para descobrir que a vida não é um morango – ou, ao menos, não para todas.
No Brasil, mais de 11 milhões de mulheres criam os filhos sozinhas, abandonadas por maridos que “foram comprar cigarro” e nunca mais voltaram. Essas mães trabalham para sustentar a casa, educar os filhos e, quando têm direito à pensão, ainda ouvem que o dinheiro serve aos seus “luxos” – mesmo quando não cobre nem o básico das crianças.
Mesmo aquelas que não foram abandonadas perdem a vida pela família, porque não têm babá e precisam se dedicar integralmente aos filhos. Acordam às quatro da manhã porque não têm carro, muito menos motorista. Não têm tempo nem dinheiro para cuidar de si. Carregam o peso da incerteza sobre o futuro dos filhos. E, se os filhos forem pretos, carregam ainda o medo diário de perdê-los para a violência.
Difícil não é ser esposa de jogador. Difícil é ser esposa pobre – sobretudo em um mundo em que o patriarcado continua impondo obrigações sobre-humanas às mulheres, principalmente às mães.
Reclamar de uma vida confortável ao lado de um marido rico chega a ser um insulto às mulheres que têm tão pouco ou nada. Não reconhecer o próprio privilégio não é apenas ridículo, é cruel diante de tantas que de fato carregam o peso da sobrevivência.
A não ser, claro, que estejamos falando da esposa do Ney – aí é difícil mesmo. Mas só pelos chifres.