A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) voltou a usar suas redes sociais para reforçar o debate sobre anistia. Nesta quinta-feira (18), um dia após a Câmara dos Deputados aprovar a urgência do projeto de lei que perdoa condenados pelos atos de 8 de Janeiro, ela publicou novamente uma foto antiga do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na imagem, registrada em 1979, o petista aparece usando uma camiseta com a palavra “anistia”.
Não foi a primeira vez que Michelle compartilhou essa fotografia. Em março deste ano, ela já havia usado a mesma imagem em suas redes sociais. Na ocasião, Jair Bolsonaro (PL) esteve em Copacabana, no Rio de Janeiro, em um ato público no qual pediu anistia para condenados pelos ataques golpistas que depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
O tema voltou à tona agora com mais força, já que Jair Bolsonaro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por golpe de Estado e outros quatro crimes. O ex-presidente tenta evitar o cumprimento da pena de mais 27 anos de prisão com a aprovação de um projeto que o beneficie. Apesar de sinais vindos do Senado e do próprio STF de que uma anistia ampla seria considerada inconstitucional, bolsonaristas insistem em acelerar a tramitação da proposta.
Até o momento, o teor do projeto ainda não foi definido. Aliados do ex-presidente defendem que a medida seja estendida aos condenados pela trama golpista, mas existem negociações nos bastidores para limitar o alcance da proposta. Uma das alternativas em discussão é a redução das penas dos executores dos atos de 8 de Janeiro, sem incluir Jair Bolsonaro e seus principais aliados.
A fotografia publicada por Michelle Bolsonaro tem um forte simbolismo histórico. Ela foi feita pelo fotógrafo Iugo Koyama em abril de 1979, no ABC Paulista, quando Lula ainda era sindicalista e participava da mobilização pelo perdão coletivo aos perseguidos políticos da ditadura militar. A luta pela anistia começou em 1975 e culminou em agosto de 1979, quando o então presidente João Baptista Figueiredo sancionou a Lei de Anistia.
A lei beneficiou 4.650 pessoas que haviam sido presas, cassadas, exiladas ou afastadas de seus empregos por motivos políticos. Também incluiu militantes e sindicalistas que tiveram seus direitos suspensos, como o próprio Lula, que seria preso em 1980 após liderar uma greve.
No entanto, a medida também perdoou militares e policiais acusados de tortura, assassinatos e outras violações de direitos humanos cometidas contra opositores do regime, gerando críticas que persistem até hoje.