
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu visto para entrar nos Estados Unidos, mas terá sua circulação fortemente limitada em Nova York. As autoridades americanas determinaram que ele só poderá transitar em uma área de até cinco quarteirões do hotel onde estiver hospedado e nos trajetos autorizados para a sede da ONU e representações brasileiras ligadas ao organismo.
Segundo interlocutores do governo, Padilha também poderá participar da Assembleia Geral da ONU, onde o presidente Lula (PT) fará o discurso de abertura, além de compromissos na Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
As restrições impostas ao ministro são mais duras do que as aplicadas a diplomatas de países como Cuba, Síria e Rússia, que podem circular em um raio de até 40 quilômetros de Manhattan, a partir do Columbus Circle. O Departamento de Estado dos EUA reconheceu que “a imposição de tais restrições é incomum”.
O site oficial do governo americano lista ainda outros países que sofrem limitações semelhantes, como Eritreia, Venezuela, Coreia do Norte e Irã.
Visto contestado
Padilha foi o último da comitiva brasileira a receber visto. No mês passado, os EUA cancelaram os vistos da esposa e da filha do ministro, medida que também atingiu médicos cubanos que participaram do programa Mais Médicos, criado em 2013 no governo Dilma Rousseff. Segundo a Casa Branca, eles eram vítimas de exploração de mão de obra análoga à escravidão.
O ministro estava com o visto vencido desde 2024 e só solicitou a renovação em 18 de agosto. Questionado pela demora, Padilha afirmou não estar “nem aí”.
“Esse negócio do visto é igual àquela música, ‘tô nem aí’. Vocês estão mais preocupados com o visto do que eu. Eu não tô nem aí. Acho que só fica preocupado com o visto quem quer ir para os Estados Unidos. Eu não quero ir para os Estados Unidos”, ironizou.
“Só fica preocupado com o visto quem quer sair do Brasil, ou quem quer ir para lá fazer lobby de traição da pátria, como alguns estão fazendo. Não é meu interesse, está certo?”, disse, em referência ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O cancelamento de vistos também foi interpretado como resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente americano Donald Trump chegou a condicionar uma negociação comercial com o Brasil, para eliminar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, ao arquivamento do processo contra Bolsonaro.
