A estratégia de aliados para “driblar” Paulinho da Força e aprovar anistia a Bolsonaro

Atualizado em 19 de setembro de 2025 às 9:35
A imagem mostra um grupo de pessoas em pé, muitas delas segurando celulares, em uma celebração no interior do Congresso Nacional do Brasil. Algumas pessoas estão vestindo ternos e outras estão com roupas mais informais. Ao fundo, há uma bandeira do Brasil e uma mesa de madeira. A atmosfera é de comemoração, com sorrisos e gestos de alegria.
Deputados bolsonaristas durante a votação do requerimento de urgência ao projeto de anistia, na Câmara dos Deputados. Foto: Gabriela Bilo

Deputados bolsonaristas articulam uma ofensiva nos bastidores da Câmara dos Deputados para garantir uma anistia ampla, que inclua o perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a todos os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.

A estratégia busca confrontar a linha defendida pelo Centrão, que prefere uma proposta mais restrita, limitando-se à redução de penas para crimes como golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O grupo pretende negociar diretamente com o relator do projeto, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), mas o parlamentar já deixou claro que a ideia é construir uma “solução de meio-termo” pactuada com o Senado e com o Supremo Tribunal Federal (STF).

Paulinho tem boa relação com ministros da Corte, sobretudo Alexandre de Moraes, e busca evitar novos atritos institucionais. O parlamentar, no entanto, disse que “eles [os bolsonaristas] sabem que não dá para passar [a versão ampla]”.

A escolha de seu nome para a relatoria desagradou a oposição, que vê o deputado como próximo a Moraes, com histórico de apoio a Lula (PT) e origem sindical. Ainda assim, bolsonaristas acreditam que há espaço para diálogo.

O relator do projeto de lei da anistia, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Foto: Reprodução

Estratégia no plenário

Parlamentares da base de Bolsonaro preparam um plano B caso não consigam convencer Paulinho. A aposta é apresentar emendas e destaques no plenário, aproveitando a maioria já demonstrada na votação de urgência do projeto, que foi aprovada por 311 votos.

“A gente precisa conversar com o relator, apresentar todos os dados. Tenho certeza de que ele vai se convencer, vai mudar de opinião e vai chegar mais próximo, se não junto, com a nossa opinião”, disse o líder do Novo, Marcel Van Hattem (RS), em entrevista à Folha de S. Paulo.

Ele também afirmou que, se não houver acordo, há “condição de, no plenário, fazer emendas ou destaques de trechos com os quais nós não concordamos”.

Nas redes sociais, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), reforçou que a sigla não recuará. “Garanto a todos que o PL lutará até o fim para anistiar todos injustiçados pelo STF”, escreveu, elogiando a escolha de Paulinho da Força como relator e chamando-o de “ferrenho crítico do governo”.

“Tenho plena confiança que a partir de agora vamos começar os diálogos e fazer justiça e anistiar os presos INJUSTAMENTE. Bom trabalho! Conte comigo!!”.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução