Como foi o jantar de Motta e Tarcísio que definiu o futuro da anistia

Atualizado em 19 de setembro de 2025 às 13:09
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Reprodução

O futuro da proposta de anistia que movimenta a Câmara dos Deputados começou a ser definido em um jantar reservado no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, no domingo (14). O encontro reuniu o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do Progressistas.

Segundo a coluna de Igor Gadelha no Metrópoles, participantes do jantar relataram que Motta acertou que pautaria a votação da urgência da anistia durante a semana, mas deixou claro que, no mérito, trabalharia apenas pela redução das penas. Essa sinalização foi suficiente para que o PP recuasse na disputa pela relatoria do projeto, que seria entregue ao deputado Tião Medeiros (PP-PR).

A movimentação também levou Tarcísio a cancelar viagem a Brasília no dia seguinte. A aliados, o governador afirmou que a questão já estava “encaminhada” após a reunião com Motta e Ciro. Assim, passou a acompanhar as negociações de São Paulo, mantendo interlocução com seu partido e com lideranças políticas.

Placar da votação da urgência da anistia. Foto: Reprodução

Na véspera da votação, tanto o Republicanos quanto o partido de Tarcísio confirmaram apoio ao requerimento de urgência. O resultado surpreendeu até a oposição: a urgência foi aprovada por 311 votos a favor e 163 contrários, superando com folga os 257 votos mínimos exigidos.

Apesar da vitória na primeira etapa, o Centrão já indicou que não garantirá apoio a uma anistia ampla, geral e irrestrita, bandeira defendida por aliados de Jair Bolsonaro. O entendimento costurado no jantar foi de que a redução das penas teria mais chance de avançar.

O relator escolhido para o projeto, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), reforçou publicamente essa leitura. Em entrevistas, afirmou não ver espaço para incluir em seu parecer a anistia total aos condenados pelos atos de 8 de janeiro.

A decisão final, no entanto, dependerá do plenário da Câmara. Motta e líderes do Centrão avaliam que o cenário atual favorece uma proposta mais restrita, capaz de evitar resistência no Senado e no Supremo Tribunal Federal (STF).

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.