
O governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, anunciou a cobrança anual de US$ 100 mil para estrangeiros portadores do visto H-1B, usado por trabalhadores altamente qualificados em áreas como tecnologia e biotecnologia. A medida, oficializada por decreto presidencial na sexta-feira (19), busca desestimular a contratação de estrangeiros e forçar empresas a priorizarem profissionais formados em universidades norte-americanas.
A decisão provocou reação imediata das grandes empresas de tecnologia. Segundo a Reuters, Meta, Amazon e Microsoft enviaram comunicados internos pedindo que seus funcionários estrangeiros permaneçam nos EUA ou retornem antes de 21 de setembro, data em que a taxa entra em vigor. O receio das companhias é que a falta de clareza sobre a aplicação da regra acabe onerando milhares de empregados estrangeiros.
O impacto é direto em gigantes que dependem de mão de obra internacional. No primeiro semestre de 2025, Amazon e AWS obtiveram aprovação para mais de 12 mil vistos H-1B, enquanto Microsoft e Meta registraram cerca de 5 mil aprovações cada. A Índia concentra 71% dos vistos concedidos, seguida pela China, com 11,7%, evidenciando a importância da medida para comunidades específicas.

O secretário de Comércio, Howard Lutnick, defendeu a decisão afirmando que “não é rentável” manter estrangeiros nos quadros corporativos pagando salários integrais somados à nova taxa. “Chega de trazer estrangeiros para ocupar nossos empregos”, disse após a assinatura da proclamação presidencial. O discurso reforça a estratégia protecionista do governo Trump de privilegiar mão de obra doméstica em setores estratégicos.
Especialistas, no entanto, alertam para riscos. Investidores e analistas consideram a medida um protecionismo míope, capaz de prejudicar a atração de talentos globais e incentivar a transferência de operações para fora dos EUA. Para Deddy Das, sócio da Menlo Ventures, a taxa desestimula a vinda dos “profissionais mais inteligentes do mundo”.
A ordem executiva também tensiona a relação de Trump com as big techs, que até o início do mandato mantinham proximidade com a Casa Branca. Líderes de empresas como Amazon, Microsoft e Meta estiveram presentes na posse presidencial em janeiro, mas agora enfrentam o impacto direto de uma medida que pode redefinir a competição por talentos no setor.