A mobilização nacional contra a PEC da Blindagem e o PL da Anistia encontrou barreiras em Florianópolis neste domingo (21). Manifestantes que planejavam se concentrar na Ponte Hercílio Luz foram impedidos de ocupar o espaço após ordem do governador Jorginho Mello (PL-SC), que determinou o fechamento da estrutura e o acionamento da polícia para controlar o acesso. O ato faz parte de uma série de manifestações em capitais do país contra as propostas aprovadas na Câmara dos Deputados na última semana.
A Apufsc-Sindical, organizadora do protesto em Santa Catarina, havia convocado a sociedade civil para o ato na ponte, ponto histórico e simbólico da capital. Porém, com o bloqueio determinado pelo governo estadual, os participantes denunciaram que foram obrigados a se deslocar para outras áreas, o que gerou críticas de entidades organizadoras e lideranças locais. Nas redes sociais, circulou a frase: “Nos proibiram de usar a ponte, mas não vão nos proibir de ocuparmos as ruas”.
A PEC da Blindagem, aprovada na Câmara, prevê que deputados e senadores só possam responder a processos criminais com autorização das respectivas Casas Legislativas. Já o PL da Anistia concede perdão amplo a condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. As duas medidas foram classificadas por críticos como tentativas de proteger políticos e de desresponsabilizar envolvidos em crimes contra a democracia.
Bateu o desespero! Depois do sucesso em Salvador e em Belo Horizonte, o Jorginho Mello, governador de Santa Catarina, mandou fechar a ponte e colocou a polícia pra atrapalhar a manifestação. Eles estão em pânico com o povo!pic.twitter.com/LYqO1r2l2N
— Vinicios Betiol (@vinicios_betiol) September 21, 2025
Mesmo com a interdição da ponte, manifestantes seguiram em marcha pelas ruas do Centro de Florianópolis, exibindo cartazes com os dizeres “Sem Anistia” e “Não à PEC da Bandidagem”. A estratégia foi apontada como forma de manter a mobilização ativa, apesar das barreiras impostas pelo governo catarinense.
Entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) já haviam se posicionado contra as propostas. Em documento encaminhado ao Senado, mais de 30 organizações alertaram para os riscos de retrocesso democrático caso a PEC e o PL avancem na Casa.
A manifestação em Florianópolis se soma a atos realizados no mesmo dia em Salvador e Belo Horizonte, que reuniram artistas e movimentos sociais. A diferença em Santa Catarina, segundo os organizadores, foi a tentativa de inviabilizar o ato em um dos cartões-postais mais conhecidos do estado, a Ponte Hercílio Luz, o que aumentou a tensão entre governo e manifestantes.
Nos proibiram de usar a ponte mas não vão nos proibir de ocuparmos as ruas
SEM ANISTIA
FLORIPA NA RUA pic.twitter.com/LG5MSCVzLI— Enfermeiro do BRICS 🇧🇷 🇷🇺🇮🇳🇨🇳🇿🇦 (@enf_intensiva) September 21, 2025