“O Brasil não vai voltar atrás na punição aos que atacaram a democracia”, diz Gleisi

Atualizado em 21 de setembro de 2025 às 19:19
Lula ao lado do presidente estadunidense, Donald Trump. Imagem: reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já desembarcou em Nova York neste domingo (21), para a Assembléia Geral da ONU. A informação foi confirmada pela Ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais e deputada federal, Gleisi Hoffman, nas redes sociais – que aproveitou para reforçar que o presidente está “acompanhado do povo brasileiro” na viagem, já que em paralelo à sua ida para os EUA e os receios de uma possível tensão com o presidente norte-americano Donald Trump, o povo brasileiro saiu às ruas do país para um protesto contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos condenados do 8 de janeiro.

“Aqui a ameaça não se cria! O Brasil não vai voltar atrás na punição aos que atacaram a democracia! O Brasil é do povo brasileiro’, reiterou Gleisi no post.

Lula desembarcou em NY para a 79ª Assembleia-Geral da ONU, em um momento de tensão diplomática. Ele fará o discurso de abertura na terça-feira (23), como é tradição desde 1947, mas o pano de fundo será o atrito com os Estados Unidos, que avaliam novas sanções contra o Brasil. Com altos rumores sobre o assunto, está também será a primeira vez que Lula e Donald Trump estarão no mesmo evento desde a eleição do estadunidense e a adoção de medidas punitivas contra o país. Apesar disso, não há expectativa de encontro entre os dois.

O ambiente é marcado pela possibilidade de Washington anunciar tarifas adicionais, restrições de vistos e até sanções pessoais com base na Lei Magnitsky, que foi criada para punir violações de direitos humanos. O governo brasileiro teme que esse pacote seja divulgado em resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a Folha de S.Paulo, um integrante da comitiva afirmou que, se isso acontecer, Lula deve responder diretamente em seu discurso. O timing preocupa o Planalto, já que os EUA discursam logo após o Brasil, o que pode amplificar o contraste entre os líderes.

Enquanto isso, no Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro reuniram, respectivamente em seus auges, mais de 40 mil brasileiros nas ruas se posicionando contra a PEC da Blindagem e a anistia aos presos do 7 de setembro. A manifestação em São Paulo integrou uma série de protestos que ocorreram em capitais brasileiras e também no exterior – na soma de todos os eventos, a mobilização foi muito maior que a última manifestação do 7 de setembro, feita por bolsonaristas – ela se concentrou apenas em São Paulo, Rio e Brasília, numa demonstração de que essa agenda pela anistia e pela PEC da Blindagem não tem capilaridade nacional, ao contrário do movimento que defende a soberania e a democracia.

Manifestantes fazem protesto ao Masp, na Avenida Paulista, contra a PEC da Blindagem e o Projeto de Anistia — Foto: Reprodução/TV Globo

Na capital paulista, além das lideranças políticas, a presença de artistas foi utilizada como estratégia de mobilização. Faixas, bandeiras e cartazes destacaram as mensagens de “sem anistia” e “não à PEC da Blindagem”, reforçando o clima de resistência popular contra o que os manifestantes consideram retrocessos democráticos.

Sofia Carnavalli
Sofia Carnavalli é jornalista formada pela Cásper Líbero e colaboradora do DCM desde 2024.