
Em meio a manifestações em todo o país contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia, o relator da proposta, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), se reuniu neste domingo (21) com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). A reunião ocorreu enquanto milhares de pessoas foram às ruas em capitais brasileiras para protestar contra os projetos. Com informações de Daniela Lima, do Uol.
Segundo Paulinho, o encontro teve como pauta principal o cronograma de apresentação de uma nova redação para o projeto da anistia, que teve urgência aprovada na Câmara na última semana. A expectativa inicial de Motta é encerrar a votação do texto ainda nesta semana, com previsão de análise na quarta-feira (24).
O deputado adiantou que terá uma série de reuniões a partir desta segunda-feira (22) com diferentes setores políticos. Entre eles, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de centrais sindicais e líderes de partidos mais próximos ao governo.
Paulinho afirmou que, caso não haja amadurecimento suficiente durante as negociações, não descarta a possibilidade de adiar a análise da proposta. A decisão, segundo ele, dependerá do andamento das conversas.

O relator também confirmou que pretende alterar o nome da proposta, chamando-a de “projeto da dosimetria”. A ideia é apresentar uma versão que reduza as penas previstas para crimes de atentado ao Estado democrático de Direito, em vez de promover uma anistia ampla aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Hugo Motta, no entanto, tem reiterado a aliados que deseja concluir a tramitação ainda nesta semana. O presidente da Câmara pressiona para que a matéria seja apreciada rapidamente, mesmo diante da mobilização contrária registrada nas ruas.
As manifestações realizadas neste domingo reuniram milhares de pessoas em diferentes cidades. Os atos foram convocados por partidos progressistas, movimentos sociais e entidades da sociedade civil, com forte adesão popular.
Na Avenida Paulista, em São Paulo, a presença foi estimada em mais de 42 mil pessoas, segundo levantamento feito pelo Monitor do Debate Político da USP em parceria com a ONG More in Common. O número se aproximou de mobilizações bolsonaristas anteriores na mesma avenida.
Os protestos criticaram duramente tanto a PEC da Blindagem, que amplia a proteção de parlamentares em processos judiciais, quanto o projeto de anistia, visto como uma tentativa de livrar golpistas de punições.
A pressão popular aumenta o desafio político em Brasília. Enquanto a base governista busca barrar retrocessos, o Centrão e partidos de oposição tentam negociar os termos da proposta, com o destino da anistia ainda indefinido no Congresso Nacional.